João Lencastre’s Communion 3 Song(s) of Hope
(Clean Feed, 2019)
O ano de 2019 foi intenso para João Lencastre, que se desdobrou em diversas aventuras musicais. O baterista, compositor e improvisador lançou dois importantes – e diferentes – discos: Parallel Realities (FMR Records), gravado com Albert Cirera (saxofones), Rodrigo Pinheiro (piano), Pedro Branco (guitarra) e João Hasselberg (contrabaixo, baixo e electrónica); e este Song(s) of Hope (Clean Feed) ao leme do seu grupo Communion 3. Integrou um grupo originalíssimo que juntou músicos ligados ao mainstream e à vanguarda, um quarteto que o juntou com Rodrigo Amado, Ricardo Toscano e Hernâni Faustino (“fez história, mudando o cenário do jazz português”, escreveu Rui Eduardo Paes no site Jazz.pt). E participou no Nau Quartet, quarteto liderado pelo seu irmão José Lencastre, que editou o álbum Live In Moscow (Clean Feed), entre outras colaborações e parcerias. Continue reading “Disco: “Song(s) of Hope” de João Lencastre”→
Cantora natural de Coimbra, Susana China lançou em 2018 o seu disco de estreia, Trapézio, onde se revelou como cantora e compositora. Agora, a cantora acaba de editar um novo trabalho, Ponto de Fuga, dando mais um passo em frente na sua evolução artística. Numa pequena entrevista, Susana China apresenta este novo disco.
Porquê o título Ponto de Fuga?
A escolha do nome deste álbum surge, desde logo, com objectivo de criar várias possibilidades de interpretação a quem ouve… Por ser um álbum que aborda temas e histórias de cariz intimista e de emoções de pessoas, este trabalho posiciona essas mesmas emoções em perspectiva… e pode ser a de qualquer um… e pode, até, permitir uma fuga através das canções. E naturalmente transportar este conceito também para a uma interpretação e concepção visual, confere coerência e unidade ao trabalho e acredito que reforça a sua compreensão. E aqui tenho que salientar o trabalho de design da Mariana Seiça que está comigo desde o início do Trapézio e agora neste Ponto de Fuga. Ela tem sido fundamental para que os álbuns tenham, de facto, um design tão bonito!
Como decorreu o processo de composição destes novos temas?
O meu processo de composição é sempre solitário. Não consigo partilhar nenhuma ideia ou conceito (mesmo que seja um trabalho conjunto), sem que essa ideia não esteja minimamente segura na minha cabeça. Tenho que ter uma estrutura daquilo que quero dizer e cantar. Só depois desta fase é que consigo partilhar. E foi neste contexto que foi surgindo o Ponto de Fuga. O Guilherme foi ouvindo as minhas ideias e naturalmente foi acrescentando com as suas. Todo o álbum nasce da voz e da guitarra. Até o tema “Deixa ficar”, que tem o arranjo de cordas do Buga Lopes, inicialmente, passou por essa fase. Se tivermos que nos apresentar só a voz e guitarra, isso vai acontecer; mas esse não é o álbum que gravámos. É a raiz desse trabalho e pode também ser encarado como uma nova forma de o disco se transfigurar e voltar à sua fase mais embrionária e crua… ou de alguma forma voltar a ser mais intimista e/ou até reinventar-se. Continue reading “Susana China apresenta “Ponto de Fuga””→
Uma das iniciativas marcantes promovidas pelo Jazz ao Centro Clube tem sido, além do festival homónimo, dos ciclos X-Jazz e da gestão/programação do Salão Brazil, a editora JACC Records. O selo editorial, inaugurado em 2010, tem documentado projectos interessantes do jazz e das músicas improvisadas feitas em Portugal, estando agora a chegar às quatro dezenas de edições. Os dois lançamentos mais recentes da editora mostram músicos nacionais em parceria com músicos estrangeiros, mostrando que a música não conhece fronteiras. Continue reading “Discos: “Corda Bamba” / “Fish Wool” (2019)”→
O trio Songs from the Southwest vai fazer a sua estreia ao vivo em solo nacional com um concerto na Fundação José Saramago. Este grupo reúne três experientes músicos da cena nacional – Bernardo Couto (guitarra portuguesa), Luís Figueiredo (piano) e Bernardo Moreira (contrabaixo) – músicos que tocam juntos como membros do grupo de Cristina Branco. O trio promete uma interpretação original e jazzística de composições de fado, jazz e canções tradicionais. O concerto terá lugar no dia 1 de fevereiro, sábado, às 21h00, e os bilhetes têm o preço de 5€.
O saxofonista Ricardo Toscano vai apresentar a obra A Love Supreme ao vivo na Culturgest. O magnum opus de John Coltrane será interpretado pelos músicos que integram o seu quarteto (Toscano no saxofone alto, João Pedro Coelho no piano, Romeu Tristão no contrabaixo e João Lopes Pereira na bateria), juntando-se ainda três músicos convidados: Francisco Andrade (saxofone tenor), João Almeida (trompete) e Luís Candeias (bateria). O concerto realiza-se no dia 30 de Maio, às 21h00, poucos dias depois da apresentação do espetáculo de dança A Love Supreme, de Anne Teresa de Keersmaeker e Salva Sanchis (22 e 23 de Maio). O concerto tem início às 21h00, os bilhetes têm o preço de 14€ (e há descontos).
O Festival Porta-Jazz realiza-se nos dias 7, 8 e 9 de Fevereiro. Depois das primeiras confirmações (Peter Evans com Orquestra Jazz de Matosinhos, Impermanence de Susana Santos Silva, HVIT e Pulse!), o programa completa-se com projectos como Pedro Neves Trio, João Mortágua (a apresentar Dentro da Janela), A Incerteza do Trio Certo, o trio MAU (que lançou recentemente o seu disco Utopia) ou Hugo Carvalhais (a apresentar Ascetica), entre outros. O festival vai ter como palcos seis espaços do Rivoli: Grande Auditório, Pequeno Auditório, Sub Palco, Palco GA, Foyer e Café-Rivoli. Aqui fica o programa completo do festival.
Dia 7
14:00 Encontro de Escolas – Masterclass Jim Hart – Encontro de Escolas – Pequeno Auditório
16:00 Encontro de Escolas – Masterclass Seamus Blake – Pequeno Auditório
18:00 Encontro de Escolas -Apresentação Escolas – Pequeno Auditório
21:30 HIVT de João Grilo e Miguel C. Tavares – Grande Auditório
22:30 Coreto Porta-Jazz Celebration– Grande Auditório
23:30 Jim Hart/Alfred Vogel Come Rain Come Shine + Jam Session – Café
Dia 8
15:00 Falar de ouvido – Concerto comentado com João Grilo – Café
16:00 Ricardo Coelho (PULSE!) feat. Frederico Heliodoro – Palco GA
17:00 A Incerteza do Trio Certo – Sub Palco
18:15 Pedro Neves Murmuration – Pequeno Auditório
19:15 Impermanence The Ocean Inside a Stone – Pequeno Auditório
21:30 João Mortágua Dentro da Janela – Grande Auditório
22:30 Peter Evans & Orquestra Jazz de Matosinhos – Grande Auditório
23:30 DJ Set c/ Marcos Cruz – Café
Dia 9
15:00 Hop Dance Studio Baile Lindy Hop – Foyer
16:00 Residencial AMR/Porta-Jazz – Palco GA
17:00 BLECHBARAGGE (BEZAU BEATZ Festival) – Sub Palco
18:15 MAU Utopia – Pequeno Auditório
19:15 Jeffery Davis Quinteto For Mad People Only – Pequeno Auditório
21:30 Hugo Carvalhais Ascetica feat. Liudas Mockunas – Grande Auditório
22:30 Ricardo Formoso Implusão feat. Seamus Blake & Albert Bover – Grande Auditório
23:30 ESMAE Jazz Ensemble + Jam Session – Café
O grupo NoA, trio formado por Nuno Costa na guitarra, Óscar Marcelino da Graça nos teclados e André Sousa Machado na bateria, vai lançar o seu disco de estreia. O álbum Evidentualmente será lançado a 25 de Março, editado em vinil e nas plataformas digitais. Aqui fica a apresentação do trio e a sua agenda de concertos.
“O trio explora diferentes dimensões e ambientes musicais, privilegiando sempre a interacção. Com o jazz e a música improvisada como pano de fundo, o seu repertório inclui temas originais e arranjos de canções do universo musical popular nacional e internacional. Fruto da sua experiência e cumplicidade, são ainda comuns nos concertos, momentos de improvisação livre onde é evidenciada a partilha e um dialecto comum entre os músicos. Com uma sonoridade elegante, personalidade musical bem vincada e melodias bem delineadas, este projecto procura assim estabelecer uma estética de fusão entre a contemporaneidade da música cosmopolita e a tradição da música improvisada com origem no jazz.”
25 de Março: Fundação José Saramago, Lisboa
27 de Março: Jazz na Ordem, Porto
28 de Março: Porta-Jazz, Porto
30 de Maio: Casa da Cultura de Setúbal
9 a 11 de Julho: Hot Clube de Portugal, Lisboa
Depois de uma longa pausa, o ciclo Solilóquios está de volta, agora com três concertos a solo, em três fins de semana seguidos, para assinalar três anos de actividade. No dia 19 de Janeiro actua o contrabaixista norte-americano Larry Grenadier; segue-se baterista português Jorge Queijo no dia 26 de Janeiro; e a 1 de Fevereiro actua o trompetista norueguês Arve Henriksen. Os concertos têm lugar na Rua das Carmelitas 100, no Porto (junto aos Clérigos). Os bilhetes para os concertos de Larry Grenadier e Arve Henriksen custam 15 euros, os bilhetes para Jorge Queijo custam 10€.
O projeto Mano a Mano, dos irmãos guitarristas André e Bruno Santos, vai apresentar-se ao vivo no Centro Cultural de Belém no dia 25 de Janeiro. A dupla leva na bagagem o disco Vol. 3, editado no ano passado, e juntará em palco músicos convidados: a cantora Rita Redshoes e ensemble de cordofones madeirenses composto por Roberto Moritz, Graciano Caldeira e Gustavo Paixão. O concerto terá lugar no Pequeno Auditório do CCB e os bilhetes estão à venda no CCB e Ticketline.
Vai nascer um projecto musical original, um grupo que junta a improvisação livre com a escrita de texto em tempo real. O trio TextuAlive reúne Hernâni Faustino (contrabaixo), Miguel Mira (violoncelo) e Margarida Azevedo (texto). Margarida Azevedo é autora do site Dizsonâncias; Hernâni Faustino integra os grupos RED Trio, Staub Quartet, Volúpias, Nau Quartet, Hamar Trio e Uivo Zebra, entre outros; e Miguel Mira colabora nos projectos Rodrigo Amado Motion Trio, Staub Quartet, Toscano/Pinheiro/Mira/Ferrandini, Variable Geometry Orchestra, Mitzlaff/Mira, IKB, entre outros. O trio irá trabalhar numa residência artística promovida pelo OSSO Associação Cultural, de 23 a 25 Janeiro, e irá apresentar-se ao vivo no dia 25 de Janeiro, às 17h30, no Open Day OSSO em São Gregório, Caldas da Rainha.
O novo projecto apresenta-se: “TextuAlive nasceu da vontade de transpor para performance ao vivo a rubrica “Quem escreve um solo acrescenta-lhe um conto” do projeto (Diz)Sonâncias. Foi uma gravidez longa e desejada. Um parto longo mas sem dor. Sem pedido de epidural e sentido ao segundo com momentos de respiração profunda e uma força tão necessária ao nascimento de qualquer projeto. O trio, composto por Hernâni Faustino (que tão bem sente e dá vida ao contrabaixo), Miguel Mira (que traz com ele o violoncelo e deixa no ressoar das cordas tanto por contar) e Margarida Azevedo (que dedilha teclados que projetam palavras numa tela). O desafio foi lançado por ela. A vontade de tornar o (Diz)Sonâncias a verdadeira sinergia entre sons e palavras fez com que mergulhasse de cabeça num poço sem fundo de possibilidades e esforços conjuntos. O primeiro conto nasceu exatamente de um solo do Hernâni e foi nesse momento que percebeu que escrever num trio em plena improvisação era o próximo passo. Um trabalho de improvisação pura. Em que o público irá viajar entre sons e letras. Textualizar no improviso. Improvisar sons, palavras, rumos e histórias. Se há momento em que o coração vai estar nos dedos de nós os três, esse momento será o da exata partilha com o público. O resultado? Fica a promessa de originalidade, criatividade e acima de tudo uma viagem que não terá como início “Era uma vez…”.”