Entrevista: Gonçalo Prazeres


Gonçalo Prazeres [Fotografia: Catarina Hébil]

Saxofonista multifacetado, Gonçalo Prazeres estudou no Berklee College of Music (Boston) e na Escola Superior de Música de Lisboa. É um dos vértices do trio TRiSoNTe, grupo que mantém com Ricardo Barriga e Luís Candeias, que se prepara para editar um segundo disco. Estreou-se como líder e compositor com “Depois de Alguma Coisa” (2010) e recentemente editou “Snapshot” (2016), liderando um verdadeiro grupo “all star”: Albert Cirera (saxofone tenor), Nuno Costa (guitarra eléctrica), João Hasselberg (contrabaixo) e Rui Pereira (bateria). Antecipando o concerto que tem agendado para o Centro Cultural de Belém, a 9 de Setembro, Prazeres apresenta-se.

Entrevista completa no site Jazz.pt:
https://jazz.pt/entrevista/2017/08/28/bicho-de-sete-cabecas/

ECM Records, 2017: A história continua

Apesar de todo o seu rico passado, a histórica ECM continua a mostrar-se como editora viva e ainda no ano passado publicou pérolas como “A Cosmic Rhythm with Each Stroke” da dupla Wadada Leo Smith & Vijay Iyer e outros discos memoráveis. Já não se trata de pura música “fria”, “gélida” ou “atmosférica”, hoje em dias as coordenadas meteorológicas continuam límpidas, mas são mais amplas. Na sua versatilidade, sempre com absoluta elegância, a editora alemã continua a marcar a cena jazz do nosso tempo. Aqui ficam alguns discos editados já neste ano de 2017, que voltam a afirmar a sua relevância e actualidade. Continue reading “ECM Records, 2017: A história continua”

As canções de Luís Barrigas na Culturgest

O pianista Luís Barrigas vai apresentar-se ao vivo na Culturgest no próximo dia 22 de Setembro. O concerto está integrado no ciclo “Jazz +351”, dedicado ao jazz contemporâneo feito em Portugal, e o pianista e compositor levará na bagagem o recente disco  “Songs with and without words” (crítica ao disco no jornal Público). A acompanhar o piano de Barrigas, estarão no palco Sofia Vitória e Guida de Palma (vozes), Desidério Lazaro e João Capinha (saxofones), Mário Franco (contrabaixo) e Alexandre Alves (bateria). Continue reading “As canções de Luís Barrigas na Culturgest”

Big Bands na rua

Como vem sendo tradição, durante o mês de Setembro as big bands invadem a capital. O ciclo “A Arte da Big Band”, com programação do Hot Clube de Portugal, apresenta um total de seis espectáculos em diferentes locais da cidade de Lisboa, sempre ao ar livre. O ciclo é promovido pela EGEAC, integrado no “Lisboa na Rua”, todos os concertos realizam-se em espaços públicos, sempre às 19h00, e têm entrada livre. Aqui fica a agenda completa.

1 Set | Orquestra Jazz do Hot Clube de Portugal
Jardim do Campo Grande

8 Set | Andalucia Big Band
Parque das Conchas (Lumiar)

15 Set | Big Band Júnior + Rita Maria
Jardim da Amnistia Internacional (Campolide)

22 Set | Big Band do Município da Nazaré
Parque da Bela Vista

23 Set | Orquestra Jazz de Matosinhos + Manuela Azevedo
Largo da Ajuda (junto ao Palácio)

29 Set | LUME – Lisbon Underground Music Ensemble
Jardim Amália Rodrigues (Parque Eduardo VII)

3 Discos? A escolha de Filipe Melo


[Fotografia: Vitorino Coragem]

O Filipe Melo é pianista, autor de BD (“Vampiros”, “As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy”), realizador e está actualmente a programar as “Sessões de Culto” no Espaço Nimas. Estas são as suas escolhas.

  

Marco Franco – “Mudra”
(Revolve, 2017)
“É um disco para se ouvir de uma ponta à outra, como quem segue uma narrativa de um livro ou de um filme. O Marco Franco arranja sempre maneira de me surpreender. É um dos músicos mais livres e mais criativos que conheço, e a sua aproximação ao piano e à composição impressionam-me muito. Tenho muita inveja (da boa!) da inspiração que o caracteriza.”

Giovanni Guido Trio – “This is the day”
(ECM, 2015)
“Apesar de gostar do som geral do trio, o que me agrada especialmente e o que acho que faz com que a música seja verdadeiramente original é a forma como toca o nosso compatriota João Lobo. O João consegue distorcer a música de uma forma completamente instintiva, criando momentos de incrível suspense e imprevisibilidade. É muito emocionante ouvi-lo a tocar neste disco.”

Miles Davis – “Kind of Blue”
(Columbia, 1959)
“No rescaldo da polémica do disco “Blue” do grupo Mostly Other People Do The Killing, dei por mim a ouvir repetidamente o álbum original que deu origem a este insólito produto: se não sabem do que falo, investiguem – é uma ideia muito inusitada e que dá o mote para uma discussão artística relevante. O “Kind of Blue” é um disco que toda a gente conhece, é certo. Recomendo-o porque mesmo sabendo o disco quase de cor, ainda consigo descobrir coisas novas. É um disco perfeito, que resume tudo aquilo que este género de música representa. Como tudo o que é bom, quanto mais se ouve, mais se gosta.”

Duo na Madeira, trio em Faro e na Parede


André Santos na Estalagem da Ponta do Sol

O guitarrista André Santos vai apresentar-se ao vivo com o contrabaixista Carlos Bica em dois formatos: o duo Santos/Bica actua na Estalagem da Ponta do Sol, na Madeira, no dia 23 de Agosto; o trio Santos/Bica/Mortágua, que junta a dupla com o saxofonista João Mortágua, vai tocar a 1 de Setembro no Festival F (Faro) e na SMUP (Parede) no dia seguinte, dia 2.

O guitarrista explica a origem da parceria: “Tudo começou quando desafiei o Bica a fazer um concerto em duo na Madeira, neste sítio mítico que é a Estalagem da Ponta do Sol. É uma estalagem maravilhosa com uma visão artística muito própria e com um ciclo de concertos​ ​que tem incluído​ ​projectos muito bons e alternativos​. O Bica aceitou e começámos a combinar encontros para ensaiarmos e testarmos repertório. Na véspera do nosso primeiro ensaio, eu toquei na SMUP com o João Mortágua, Marco Franco e Francisco Andrade, e o Bica assistiu. Na altura sugeriu logo que o Mortágua viesse connosco à Madeira, mas logisticamente era difícil… Então o Carlos decidiu marcar estes concertos [SMUP e Festival F], de forma a termos um pretexto concreto para nos juntarmos. Quanto ao futuro deste grupo, tudo dependerá do que acontecer nestes concertos!”​

Disco: “A Lua Partida ao Meio” da Big Band Júnior

Big Band Júnior
“A Lua Partida ao Meio”
(Hot Clube de Portugal, 2017)

A Big Band Júnior (BBJ) é uma orquestra-escola de jazz, resultado de uma parceria entre o CCB e o Hot Clube de Portugal. Nascida em Outubro de 2010, a BBJ é constituída por cerca de vinte músicos, entre os 12 e os 17 anos, e tem por missão dar formação e experiência aos alunos como músicos de uma orquestra de jazz. A big band já editou um primeiro disco em 2013, “Pegadas Azuis”, e este novo álbum, “A Lua Partida ao Meio”, é mais um passo marcante no seu percurso.

Sob direção de Claus Nymark, o grupo de alunos trabalha neste disco um conjunto de treze temas, sobretudo versões de clássicos e standards, mas também três originais – dois da autoria de Nymark (o tema de abertura, “Mr. AB” e “Blues para Marty”) e o tema-título, “A Lua Partida ao Meio”, de Maria João & Mário Laginha. O disco conta com a participação de vários músicos consagrados: Mário Laginha, Maria João, Gonçalo Marques, João Paulo Esteves da Silva e Mário Delgado.

Os jovens músicos da BBJ conseguem desenvolver um sólido som orquestral, interpretando os temas com qualidade. Clássicos intemporais como “Goodbye Pork Pie Hat” (Charles Mingus), “The Sidewinder” (Lee Morgan), “Mood Indigo” (Duke Ellington), “Take the A Train” (Billy Strayhorn) ou “Birdland” (Joe Zawinul / Weather Report) são revisitados com segurança, expostos sem mácula.

O tema que dá título ao disco é alvo de duas versões, uma opção estética questionável. A versão interpretada por Maria João é belíssima, irrepreensível, e fica como referência; a versão adicional, por Matilde Madeira Lopes, apesar de revelar uma óptima voz, ficaria sempre a perder na comparação – ingrata para uma jovem cantora que está a começar.

Os músicos convidados, todos figuras de proa da cena jazz nacional, abrilhantam os temas com elegância, mas não seriam fundamentais para a essência do disco. O maior mérito é dos próprios músicos, dezasseis jovens que contribuem para uma música acesa, exibindo uma boa dinâmica de grupo. Muito provavelmente, o futuro do jazz português também vai passar por aqui. Aplauda-se o trabalhos destes jovens, do seu mentor (Claus Nymark) e do próprio projecto pedagógico, que justamente já está a exibir frutos.

Barcelos vai ter Jazz ao Largo

Susana Santos Silva

Depois do sucesso da sua primeira edição em 2016, o festival Jazz ao Largo vai regressar a Barcelos, entre os dias 13 a 17 de Setembro. Os concertos voltam a ter lugar no exterior do Theatro Gil Vicente, no Largo Dr. Martins Lima, e serão apresentados três espectáculos principais: Tim Tim por Tim Tum (dia 14, 22h), quarteto de baterias de José Salgueiro, Alexandre Frazão, Bruno Pedroso e Marco Franco; Coreto Porta-Jazz (dia 15, 22h), colectivo que reúne nomes grandes da cena portuense, como Susana Santos Silva, João Pedro Brandão e José Pedro Coelho; e La La la Ressonance (dia 16, 22h), grupo de rock instrumental de Barcelos que, a convite da organização, irá apresentar um concerto inspirado na música de Charles Mingus. Além destes concertos o programa inclui duas “sessões de free jazz” na Frente Ribeirinha da Azenha: duo Susana Santos Silva + Jorge Queijo (dia 16, às 17h); e Gabriel Ferrandini + Pedro Sousa (dia 17, às 17h). Integrado no festival, será também exibido o filme “Bird” (dia 13, 22h), película de Clint Eastwood que retrata a vida de Charlie Parker, numa parceria com o Zoom – Cineclube de Barcelos. O programa completa-se com um workshop de improvisação, promovido pela dupla Santos Silva + Queijo (dia 16, às 15h). Todos os eventos têm entrada livre.