Memória: Entrevista a Anthony Braxton

Compositor e saxofonista, o americano Anthony Braxton é uma verdadeira lenda viva da história do jazz.  Herdeiro da “Great Black Music”, prefere classificar o seu próprio trabalho como “música criativa”. Numa conversa de fim de tarde no anfiteatro ao ar livre da Gulbenkian, Anthony Braxton revela-se.

Quem foram os primeiros músicos que o levaram a ser músico?

Os primeiros músicos que tiveram impacto sobre mim foram Miles Davis, Dave Brubeck e Paul Desmond. Mais tarde fui influenciado pela grande música de Lennie Tristano e Warne Marsh, John Coltrane, Jackie McLean também foi importante, a grande música de Albert Ayler – estive muito atraído pela sua música. Foram principalmente os saxofonistas que mais me influenciaram. Também os meus colegas de Chicago, da AACM, a grande música de Roscoe Mitchell e Joseph Jarman foram certamente influências marcantes.

Acabou de referir John Coltrane e Albert Ayler. Na altura em que começava a tocar, Ayler e Coltrane tinham acabado de desaparecer. Alguma vez sentiu que poderia ser o seu sucessor?

Nunca estive a pensar em termos de ser o sucessor de alguém, queria apenas tocar a minha música da melhor forma que conseguisse. Nessa altura eu fui muito influenciado por esses saxofonistas, mas fui também muito inspirado pela tradição da música escrita – a grande música de Arnold Schöenberg, a grande música de Iannis Xenakis, Karlheinz Stockhausen, John Cage. Pela altura em que eu tinha dezassete/dezoito anos eu já sabia o que queria fazer e não estava a pensar em termos de suceder a alguém, queria fazer o melhor que conseguisse. Continue reading “Memória: Entrevista a Anthony Braxton”

Disco: “Stille” de Orquestra del Tiempo Perdido

Orquestra del Tiempo Perdido
“Stille”
(Shhpuma, 2018)

A Orquestra del Tiempo Perdido é um projecto de Jeroen Kimman, compositor e multi-instrumentista holandês. Esta falsa orquestra apresenta o seu disco de estreia numa edição da label Shhpuma, a subsidiária da editora portuguesa Clean Feed para projectos fora da caixa. De facto, ao contrário da maior parte dos outros projectos da editora, que têm algum ponto de proximidade com o jazz e a improvisação, este é um objecto atípico no catálogo, aqui há pouco espaço para improvisar.

O disco arranca com um tema que soa a música infantil, fica a ideia que poderia acompanhar desenhos animados. Após essa surpresa inicial, percebemos esta música vai estar sempre a surpreender. O disco atravessa diversos registos, por vezes poderia tratar-se de pura música popular, outras vezes é quase música de cabaret, poderia ser banda-sonora para um carrossel (ou montanha russa), noutros momentos soa mais experimental e aproxima-se da vanguarda. Sem se fixar num ponto único, desafia o ouvinte, os seus preconceitos e as suas pré-concepções. (…)

Texto completo no site Bodyspace:
http://bodyspace.net/discos/3285-stille/

Anthony Braxton no Solilóquios

Vem aí bomba: o saxofonista Anthony Braxton acaba de ser confirmado no ciclo Solilóquios no Porto. Braxton irá actuar no dia 4 de Junho, numa actuação em duo com a harpista Jacqueline Kerrod (um duo que é uma excepção neste ciclo de concertos a solo). Além deste concerto, para os próximos tempos foram já anunciadas as actuações de Hamid Drake, Otomo Yoshihide e Nicole Mitchell, entre outros. Aqui fica a agenda confirmada até ao momento. Os concertos terão sempre lugar no espaço Yoga sobre o Porto.

25 Mar: Theo Bleckmann
2 Abr: Hamid Drake
11 Abr: Steve Swell
21 Abr: Julius Gabriel
5 Mai: Angelica V. Salvi
27 Mai:  Otomo Yoshihide / Chris Pitsiokos (solo+solo+duo)
31 Mai: Jen Shyu
4 Jun: Anthony Braxton & Jacqueline Kerrod (duo)
29 Out: Nicole Mitchell

Disco: “Trapézio” de Susana China

Susana China
“Trapézio”
(Edição de autor, 2018)

O panorama jazz nacional está recheado de boas vozes, sobretudo femininas. Agora acaba de surgir mais uma nova cantora que se afirma com um disco de estreia sólido. Susana China apresenta-se com um álbum onde não só afirma a sua qualidade vocal, como é ainda surpreendentemente marcado pela originalidade, onde a maioria dos temas são originais da sua própria autoria. Mais do que simples intérprete, Susana apresenta-se também como compositora. (…)

A voz de Susana China apresenta-se num precioso ponto de equilíbrio, entre a sobriedade, a sensibilidade e a elegância, conduzindo as canções com segurança e sem gota de exibicionismo. Exibe um óptimo nível técnico, quer na forma mais convencional a cantar as palavras (boa afinação e dicção) como também a cantar sem palavras (ouçam-se os temas “Valsa de fim de Agosto” e “Pé no degrau”) – com uma maturidade saraserpiana. (…)

Texto completo no site Bodyspace:
http://bodyspace.net/discos/3284-trapezio/

Entrevista: Andy Sheppard

[Fotografia: Márcia Lessa]

Com uma já longa carreira durante a qual tocou com meio mundo nos domínios do jazz e da música improvisada, dela constando uma reincidente colaboração com Carla Bley, Andy Sheppard vive desde Setembro do ano passado em Portugal, entre Mafra e a Ericeira. Trouxe-o uma história de amor e o divórcio entre a Inglaterra e a Europa resultante do Brexit e por cá tem tocado com músicos portugueses e ganho vontade de alargar essas parcerias. Na Festa do Jazz deste ano apresenta uma “masterclass” que, decerto, mais aprofundará a sua ligação com a cena nacional. Estivemos à conversa com ele.  Continue reading “Entrevista: Andy Sheppard”

Big Band Júnior homenageia Sassetti

Bernardo Sassetti

A Big Band Júnior, orquestra-escola de jazz da parceria CCB/Hot Clube, editou no ano passado o belo disco “A Lua Partida ao Meio”. Agora a BBJ prepara-se para homenagear a música do pianista Bernardo Sassetti com um concerto especial no Teatro São Luiz. No dia 8 de Abril a BBJ vai apresentar um espectáculo exclusivamente dedicado à interpretação de temas de Sassetti, com a participação de três convidados especiais: os pianistas Filipe Raposo e Inês Laginha e a cantora Rita Maria.

Disco: “Kronos / Penélope” de Luís Figueiredo

“Kronos / Penélope”
Luís Figueiredo
(Ed. autor, 2017)

Luís Figueiredo afirma-se como versátil compositor e arranjador, partindo do jazz para ir mais além. Grandioso álbum conceptual à volta da ideia do tempo. (…)

Texto publicado no suplemento Ípsilon do jornal Público no dia 9 de Março de 2018:
https://www.publico.pt/2018/03/09/culturaipsilon/critica/todo-o-tempo-do-mundo-1805539

Jazz regressa a Portalegre em Abril

Bill Frisell & Thomas Morgan

Vem aí a 15ª edição do Portalegre Jazzfest, que este ano se realiza de 26 a 28 de Abril. Com um programa diversificado, o festival do Alto Alentejo vai apresentar as seguintes propostas: Angles3 (dia 26, 21h30); Bill Frisell & Thomas Morgan (27, 21h30); Ricardo Toscano Quarteto (28, 21h30); Slow Is Possible (28, 22h30); e The Rite of Trio (27 e 28, 23h30). Nas três noites de festival, depois dos concertos, há ainda a actuação de Birdzzie. Como sempre, o festival terá lugar no Centro de Artes e Espectáculos de Portalegre.

The Selva de volta aos concertos

O trio The Selva está de volta para mais concertos. Depois da última tour, que incluiu uma residência no gnration para gravação de um novo álbum, o grupo  de Ricardo Jacinto, Gonçalo Almeida e Nuno Morão vai agora apresentar-se ao vivo em dose dupla. No dia 15 de Março o trio actua no Damas, em Lisboa; no dia seguinte, 16, actua no Cantinho da Tuna, em Sintra. Para estes concertos está prometida a apresentação de material novo.

Vem aí uma nova Festa do Jazz (e não vai ser no São Luiz)

Eduardo Cardinho

A Festa do Jazz chega à sua 16ª edição deixando o Teatro São Luiz, a sua casa de sempre. A nova Festa realiza-se entre os dias 22 e 25 de março e passa a ser organizada exclusivamente pela Associação Sons da Lusofonia. Com direcção artística de Carlos Martins, a festa terá agora lugar no Museu de História Natural e Ciência (concertos) e no Conservatório Nacional (concurso de escolas, showcases e jam sessions).

Pela Festa do Jazz irão passar projectos como João Barradas Trio, The Rite of Trio, Eduardo Cardinho Quarteto, trio Rodrigo Amado / Hernâni Faustino / Harris Eisenstadt (em estreia mundial), João Paulo Esteves da Silva Trio (que gravou o brilhante “Brightbird“) e o novo projecto Centauri de André Fernandes, entre outros. Não faltará também o habitual concurso das escolas de jazz. Aqui fica o programa completo da nova Festa.

Sexta, 23 Março
21h30 João Barradas Trio / The Rite of Trio / PLINT (Museu)

Sábado, 24 Março
14h00 Jazz e Género: uma conversa aberta (Conservatório)
15h00-19h30 Encontro Nacional de Escolas de Música (Conservatório)
17h00 Eduardo Cardinho Quarteto (Museu)
18h30 Rodrigo Amado / Hernâni Faustino / Harris Eisenstadt (Museu)
21h00-23h30 Showcases Escolas Superiores (Conservatório)
21h30 Beatriz Nunes Quarteto (Museu)
23h30 Maria João Ogre (Museu)
23h45 Combo Escola Artística do Conservatório de Coimbra 2017 (Conservatório)
00h15 Jam Session (Conservatório)

Domingo, 25 Março
13h00 Formalização da Rede do Jazz Português (Salon Coeur de Fern)
15h30-17h40 Encontro Nacional de Escolas de Música (Conservatório)
17h00 João Paulo Esteves da Silva Trio (Museu)
18h00 Masterclass com Andy Sheppard (Conservatório)
18h30 André Fernandes’ Centauri (Museu)
21h00 Quinteto Ricardo Pinto (Conservatório)
22h30 Alexandre Coelho Quartet (Conservatório)
00h00 Prémios Encontro Nacional de Escolas (Conservatório)
00h30 Combo Escola Superior de Música de Lisboa 2017 (Conservatório)