Disco: “A Lua Partida ao Meio” da Big Band Júnior

Big Band Júnior
“A Lua Partida ao Meio”
(Hot Clube de Portugal, 2017)

A Big Band Júnior (BBJ) é uma orquestra-escola de jazz, resultado de uma parceria entre o CCB e o Hot Clube de Portugal. Nascida em Outubro de 2010, a BBJ é constituída por cerca de vinte músicos, entre os 12 e os 17 anos, e tem por missão dar formação e experiência aos alunos como músicos de uma orquestra de jazz. A big band já editou um primeiro disco em 2013, “Pegadas Azuis”, e este novo álbum, “A Lua Partida ao Meio”, é mais um passo marcante no seu percurso.

Sob direção de Claus Nymark, o grupo de alunos trabalha neste disco um conjunto de treze temas, sobretudo versões de clássicos e standards, mas também três originais – dois da autoria de Nymark (o tema de abertura, “Mr. AB” e “Blues para Marty”) e o tema-título, “A Lua Partida ao Meio”, de Maria João & Mário Laginha. O disco conta com a participação de vários músicos consagrados: Mário Laginha, Maria João, Gonçalo Marques, João Paulo Esteves da Silva e Mário Delgado.

Os jovens músicos da BBJ conseguem desenvolver um sólido som orquestral, interpretando os temas com qualidade. Clássicos intemporais como “Goodbye Pork Pie Hat” (Charles Mingus), “The Sidewinder” (Lee Morgan), “Mood Indigo” (Duke Ellington), “Take the A Train” (Billy Strayhorn) ou “Birdland” (Joe Zawinul / Weather Report) são revisitados com segurança, expostos sem mácula.

O tema que dá título ao disco é alvo de duas versões, uma opção estética questionável. A versão interpretada por Maria João é belíssima, irrepreensível, e fica como referência; a versão adicional, por Matilde Madeira Lopes, apesar de revelar uma óptima voz, ficaria sempre a perder na comparação – ingrata para uma jovem cantora que está a começar.

Os músicos convidados, todos figuras de proa da cena jazz nacional, abrilhantam os temas com elegância, mas não seriam fundamentais para a essência do disco. O maior mérito é dos próprios músicos, dezasseis jovens que contribuem para uma música acesa, exibindo uma boa dinâmica de grupo. Muito provavelmente, o futuro do jazz português também vai passar por aqui. Aplauda-se o trabalhos destes jovens, do seu mentor (Claus Nymark) e do próprio projecto pedagógico, que justamente já está a exibir frutos.