Há jazz no Santo António

O jazz vai marcar presença nas festas de Santo António em Lisboa. O duo Mano a Mano, de André e Bruno Santos, vai tocar na Igreja de Santo António no dia 8 de Junho, às 19h00. Este concerto está integrado no ciclo Trezena a Santo António, que se realiza até dia 13 de Junho, apresentando um programa musical variado, com actuações de Márcia, Mafalda Arnauth e Mur Mur, entre outros.

CCB 2018/19: apenas quatro concertos de jazz

Branford Marsalis [Fotografia: Tom Beetz]

O Centro Cultural de Belém acaba de revelar a programação para a temporada 2018/19. Na área do jazz é impossível ignorar o facto:  num programa recheado que atravessa diversas áreas, o CCB promove apenas quatro concertos de jazz!  O grande auditório vai acolher o Branford Marsalis Quartet (15 Março 2019), o pequeno auditório recebe concertos de Miguel Ângelo Quarteto (22 Novembro 2018), João Lencastre’s Communion 3 (2 Março 2019) e Pedro Segundo & Ross Stanley (4 Maio 2019). A estes juntam-se concertos pontuais do programa “CCB de Verão”. É pena que uma instituição cultural desta dimensão tenha uma programação jazz tão pobre, quase invisível.

Odd celebra 60º aniversário de “Moanin'”

O disco “Moanin‘” de Art Blakey foi gravado há 60 anos, em 1958.  O Odd, bar do teatro da Trindade, abriu há poucos meses e tem dedicado atenção ao jazz, promovendo jam-sessions todas as quartas. Na próxima quarta-feira, dia 30 de Maio, o Odd promove um concerto especial de celebração do 60º aniversário do disco “Moanin'”, com a participação nomes destacados da cena jazz nacional: Ricardo Toscano, João Moreira, Bruno Santos, Romeu Tristão e Nemanja Delic. A música arranca a partir das 18h00 e a entrada é livre.

Junho no Hot Clube

Miguel Zenón

O Hot Clube de Portugal acaba de apresentar a programação para o mês de Junho de 2018. Pelo histórico clube da Praça da Alegria vão passar músicos e projectos como LA New Mainstream, Pablo Lapidusas, LUME, MØDE e César Cardoso com o convidado Miguel Zenón, que também actua como convidado da Orquestra Jazz do HCP. Aqui fica o programa mensal completo.

Programa [PDF]

Há jazz em Leiria

Tomás Pimentel

Leiria vai acolher a terceira edição do Festival “OJL Jazz Sessions”, que se realiza no Teatro Miguel Franco entre os dias 12 a 15 de Julho. No dia 13 a Orquestra Jazz de Leiria apresenta-se ao vivo com o convidado Tomás Pimentel (21h30). No dia 14 actua o quinteto do trompetista Luís Cunha (21h30). A partir de dia 12 realiza-se também um workshop de big band, com orientação de César Cardoso, que termina com uma apresentação ao vivo no dia 15 (16h00).

Folha de Sala: “Músicas tribais”

A convite do festival de cinema Porto/Post/Doc escrevi a folha de sala “Músicas tribais” sobre os filmes “Barulho, Eclipse” e “Nyo Vweta Nafta”, de Ico Costa.

“Sob o pseudónimo Dirty Beaches, Alex Zhang Hungtai editou entre 2007 e 2014 vários discos, com destaque para o excelente disco “Badlands” e os singles “True Blue” e “Lord Knows Best”.  Zhang Hungtai já havia mostrado vontade de explorar diferentes mundos sonoros quando apresentou o espectáculo “Landscapes in the Mist” no Teatro Maria Matos (Abril de 2014), tendo na altura tocado apenas saxofone tenor e guitarra eléctrica. Sem ligação prévia ao trabalho de Alex Zhang Hungtai, os portugueses David Maranha e Gabriel Ferrandini vêm desenvolvendo percursos sólidos entre a música experimental e a improvisada, trabalhando também em duo – editaram um LP “A Fonte de Aretusa” (Mazagran, 2011). Maranha e Ferrandini juntaram-se a Zhang Hungtai num trio, a partir de um convite da editora Blue Note para a criação de um filme para a Blogotèque, homenageando John Coltrane. Após essa primeira colaboração o trio resolveu continuar com a parceria, editando o disco “Âncora” (Grain of Sound, 2016). Num passo em frente da parceria, o trio juntou-se com mais dois músicos nacionais: Pedro Sousa (saxofonista) e Júlia Reis (baterista das Pega Monstro). O quinteto recém-formado estreou-se com um concerto na Galeria ZDB, assumindo a designação “Rahu”: quinteto à volta de percussão, desenvolvendo um trepidante ritmo tribal em crescendo, onde se junta o saxofone de Sousa a cuspir labaredas. O filme de Ico Costa documenta esse concerto, numa austera fotografia a preto e branco com grão, mostrando a música a evoluir lentamente, numa espécie de mantra, num processo de desenvolvimento crescente, até rebentar. E o detalhe dos rostos dos músicos, e as suas expressões particulares, reflectem a imensa energia dessa música. (…)”

portopostdoc.com

3 discos? A escolha de Fabricio Vieira

Fabricio Vieira, jornalista brasileiro, é editor do site Free Form, Free Jazz, página dedicada à música improvisada, criada em 2009. Escreveu sobre jazz para a Folha de S. Paulo e foi correspondente do jornal em Buenos Aires. Atualmente escreve sobre livros e jazz e é autor de liner notes para discos de Roscoe Mitchell e Ivo Perelman.

“Selecionar três discos no universo jazzístico parece tarefa impossível. O que escolher? Para aliviar a sensação de estar cometendo injustiça com esse ou aquele músico, tentei buscar algum critério para tal seleção. Tendo em foco a seara free jazzística, destaquei três álbuns que são fundamentais para mim, como ouvinte, mas que também representam momentos maiores dessa música, englobando diferentes períodos e gerações.”


The Peter Brötzmann Octet – “Machine Gun”

(Brö, 1968)

“O saxofonista alemão Peter Brötzmann tinha apenas 27 anos quando entrou em estúdio com seu octeto para gestar esta obra-prima. Marco dos tempos iniciais do free jazz europeu, Machine Gun é um álbum que não perdeu intensidade, sendo indiscutivelmente atual mesmo passados exatos 50 anos desde sua criação. O grupo comandado por Brötzmann, formado por músicos de Holanda, Bélgica, Suécia e Inglaterra, trazia alguns dos que estariam entre os mais destacados instrumentistas do free vindo da Europa: os saxofonistas Evan Parker e Willem Breuker; os bateristas Han Bennink e Sven-Ake Johansson; os baixistas Peter Kowald e Buschi Niebergall; e o pianista Fred Van Hove – que time! O disco original traz apenas três peças, “Responsible”, “Music for Han Bennink” e a faixa-título, um dos temas mais marcantes do free jazz.”

 

 
David S. Ware Quartet – “Godspelized”

(DIW, 1996)

“O saxofonista David S. Ware (1949-2012) é um dos nomes centrais da minha discoteca, um músico que considero especialmente importante, tanto como improvisador quanto como compositor. Para mim, sua obra representa um dos pontos mais elevados da música free jazzística, notadamente pelo que desenvolveu durante a década de 1990. E este “Godspelized” traz alguns dos momentos mais iluminados de seu fantástico quarteto, que contava com nada menos que William Parker (baixo), Matthew Shipp (piano) e Susie Ibarra (bateria). Ouvir a música de Ware é sempre uma experiência única.”

 


Peter Evans – “Zebulon”

(More is More, 2013)

“Em um período de grande ebulição inventiva no trompete, Peter Evans surge como o mais incrível nome do instrumento hoje. Músico jovem, que iniciou sua carreira no século XXI, Evans tem tocado diferentes projetos de grande repercussão, com instigante variedade estética, a destacar seu Quintet e as criações para trompete solo. Neste grupo formado ao lado de John Hébert (baixo) e Kassa Overall (bateria), Evans mostra como revitalizar o free jazz por meio de um trio acústico, exibindo intensa e elevada criatividade em quatro temas irresistíveis.”

Há Jazz no Parque Central da Maia

Susana Santos Silva [Fotografia: Márcia Lessa]

Vem aí mais uma edição do festival Jazz no Parque Central da Maia, que se realiza entre os dias 14 e 16 de Junho. Com programação Porta Jazz, serão apresentados seis concertos ao longo de três noites: Luís Lapa & Pé de Cabra (dia 14, 18h30), Ricardo Formoso (dia 14, 21h30), Susana Santos Silva Impermanence (15, 18h30), Espécie de Trio (15, 21h30), João Mortágua Axes (16, 18h30) e Alexandre Coelho Quarteto (16, 21h30). Todos os concertos têm entrada livre.

Jazz im Goethe-Garten: programa completo

Gorilla Mask

Já sabíamos as datas, agora conhecemos também o programa. A 14.ª edição do Jazz im Goethe-Garten realiza-se entre os dias 3 a 13 de Julho de 2018 e vai apresentar projectos que reflectem a vanguarda do jazz europeu, num total de seis concertos. Pelo jardim do Goethe vão passar Almeida/Amado/Franco, Chaosophy, Gabriele Mitelli O.N.G., Trio Heinz Herbet, Also (Katharina Ernst & Martin Siewert) e Gorilla Mask. Os concertos são sempre às 19h00 e a programação, como sempre, é da responsabilidade de Rui Neves. Aqui fica o programa completo.

3 Jul: Almeida/Amado/Franco (PT)
4 Jul: Chaosophy (ES)
5 Jul: Gabriele Mitelli O.N.G. (IT)
6 Jul: Trio Heinz Herbet (CH)
12 Jul: Also (AT)
13 Jul: Gorilla Mask (DE)

A Favola da Medusa apresenta-se

A Favola da Medusa é um projecto original que combina música improvisada e poesia. Nasceu em 2010, com Miguel Martins e Filipe Homem Fonseca (também argumentista), e vem desenvolvendo colaborações com vários músicos, nacionais e internacionais. Na próxima segunda-feira, 21 de Maio, a Favola regressa aos concertos nos Poetas do Povo (bar O Povo, no Cais do Sodré, em Lisboa).  Antecipando essa actuação, e com um humor desafiante, aqui fica uma pequena conversa sobre o percurso do projecto.

Como surgiu o projecto A Favola da Medusa?
Miguel Martins: Foi numa bonita noite do Outono de 2010, fruto da generosidade que nos caracteriza, a mim e ao Filipe Homem Fonseca, a qual nos impeliu a mostrar ao mundo qual o futuro desta forma de arte, caso queira permanecer no plano alcançado por músicos como Bach ou Mozart, mas à medida dos tempos vindouros.

Podes indicar quais são as vossas influências e referências musicais?
MM: Mais do que tudo, um agrupamento do Ontário chamado Nihilist Spasm Band. Enquanto pianista, citaria o Jon Benjamin, que é um prodígio de técnica, embora toque com uma gente muito pouco aconselhável. Algum Kagel, mais conceptual. O Nam June Paik. Toda a música que parta do entendimento de que o que menos interessa é o som.

Porque escolheram este nome curioso, A Favola da Medusa?
MM: Na verdade, não se tratou de uma escolha mas, antes, de uma revelação. Estava o Filipe a pastar as suas ovelhinhas na Cova da Iria quando viu uma luz muito intensa…

Têm colaborado com vários músicos convidados, já editaram um disco. Podes apresentar a vossa história e percurso?
MM: Sim, já passaram algumas dezenas de músicos pela Favola. Permito-me destacar a Ana Isabel Dias, harpista que toca com várias orquestras e que integrou os Madredeus, o George Haslam, um dos maiores saxofonistas barítonos da história do jazz, a Beverley Chadwick, saxofonista do Robert Wyatt, a Anabela Duarte, dos Mler Ife Dada, o Alberto Velho Nogueira, porventura o maior prosador do mundo e de sempre e um baterista notável, o Eduardo Madeira, o segundo maior pianista da Pátria, a seguir a mim, o John Mateer, poeta australiano, a cravista Joana Bagulho, a cantora Mariana Abrunheiro, que gravou, por exemplo, com o Jaques Morelenbaum, o percussionista Pedro Castello-Lopes, o saxofonista Abdul Moimême, o violetista João Camões, ou a cantora francesa Swala Emati. A lista é enorme. E, sim, em 2015, editámos o CD “Dada Dandy”, na inglesa SLAM, onde gravaram também, por exemplo, o Mal Waldron e o Max Roach, para além de quase todos os grandes nomes do free britânico. Agora, damos este concerto no Povo, em que contamos com a trompete da Ana Roque, uma rapariga que trata o falecido Lester Bowie por Bambi, e já temos outro marcado, no Irreal, a 4 de Julho, com o Alejandro Crawford, que é videasta, por exemplo, dos MGMT, dos Tame Impala e dos Childish Gambino.

Como definem o vosso som e as vossas actuações?
MM: Indefiníveis, algures entre o bucólico e a chinfrineira. Mas sempre demonstrativos de uma genialidade ímpar. Com a modéstia que me caracteriza, diria que são a banda-sonora do Céu, do Purgatório e do Inferno.

Neste próximo concerto nos Poetas do Povo vão contar com a participação da Ana Roque no trompete, que é uma estreia. O que podemos esperar desta actuação?
Ana Roque: Como em tudo na vida, há que esperar o melhor e estar preparado para o pior.

Quais são os planos para os próximos tempos? Futuras colaborações, disco novo, concertos…?
MM: Isso tudo e muito mais. O objectivo é a absoluta hegemonia. Só nos calaremos quando mais ninguém tocar.