Rodrigo Amado lança disco com quarteto Northern Liberties

(Fotografia: Nuno Martins)

Rodrigo Amado acaba de editar o disco de estreia do seu mais recente grupo, Northern Liberties. Para este projeto, o imparável saxofonista reúne um quarteto onde está acompanhado por músicos noruegueses: o trompetista Thomas Johansson, o contrabaixista Jon Rune Strøm e o baterista Gard Nilssen. O quarteto arrancou actividade em 2017, tendo na altura actuado ao vivo (incluindo um concerto memorável no festival Jazz no Parque), e apresenta agora o seu primeiro registo, We Are Electric. O álbum – já disponível no Bandcamp – consiste na gravação do concerto que o grupo deu na Galeria ZDB, em Lisboa, com o quarteto a exibir improvisação pujante, e é editado pela label polaca Not Two Records. Recordemos que este é já o terceiro disco editado por Amado neste ano de 2021, depois de Let the Free Be Men do “quarteto americano” This Is Our Language e de The Field do Motion Trio com Alexander von Schlippenbach.

Robalo no Penha sco: programa de Dezembro

Joana Raquel | Ensemble Robalo / Porta-Jazz (Fotografia: Adriana Melo / Mínima)

A editora Robalo encontra-se a programar concertos de jazz no Penha sco, espaço cultural na Penha de França, em Lisboa. Os concertos acontecem sempre às quartas-feiras, às 19h30, e neste mês de dezembro a Robalo apresenta um total de cinco concertos: AL! (duo de João Almeida e Gonçalo Almeida), João Carreiro Quinteto, Rakel Arbeloa / Pablo Masa Duo, Tapetenweschel e Ensemble Robalo / Porta Jazz (o mesmo grupo que actuou no Festival Porta-Jazz, em julho deste ano). O Penha sco está situado na Rua Neves Ferreira 10-B, em Lisboa, as reservas podem ser efectuadas por email (info@robalomusic.com) e os bilhetes são vendidos apenas à porta. Aqui fica o programa completo do mês de dezembro.

1 Dez: AL!
João Almeida – trompete
Gonçalo Almeida – contrabaixo

8 Dez: João Carreiro Quinteto
Albert Cirera – saxofone
Gonçalo Marques – trompete
João Carreiro – guitarra
Demian Cabaud – contrabaixo
João Pereira – bateria

15 Dez: Rakel Arbeloa / Pablo Masa Duo
Rakel Arbeloa – bateria
Pablo Masa – saxofone

22 Dez: Tapetenweschel
Samuel Gapp – piano, electrónica
Max Diller – trompete, electrónica 

29 Dez: Ensemble Robalo / Porta Jazz
Joana Raquel – voz
Gonçalo Marques – trompete
Hugo Caldeira – trombone
João Carreiro – guitarra
Demian Cabaud – contrabaixo
João Pereira – bateria

Festa do Jazz já tem datas

A edição 2021 da Festa do Jazz já tem datas fechadas: a festa realiza-se nos dias 18 e 19 de Dezembro. O Centro Cultural de Belém voltará a ser o palco principal do evento e a programação deste ano será alargada a mais dois espaços, ao Espaço Espelho D’Água e à Livraria Ler Devagar (Lx Factory). A Festa do Jazz volta ainda a contar com a RTP Palco como parceira: os concertos serão transmitidos em directo e todos os conteúdos estarão disponíveis na plataforma. O programa será anunciado em breve, sendo que este ano a Festa conta com a colaboração de Beatriz Nunes e Pedro Melo Alves na programação do evento, através da curadoria de um grupo musical/projecto artístico escolhido por cada um deles. O ano de 2021 marca também o regresso do Encontro Nacional de Escolas em formato presencial.

Disco: Eksterordinare de Troll’s Toy

Os Troll’s Toy – trio de Jorge Loura (guitarra), Gabriel Neves (saxofone) e João Martins (bateria) – acabam de editar um novo disco, Eksterordinare. O disco foi editado em dois formatos – CD e vinil duplo – e fui convidado a escrever liner notes para o álbum. Aqui ficam as palavras sobre o disco.

“A power trio is a rock band format, traditionally having a lineup of electric guitar, electric bass and drums, with one or more band members typically singing while playing their instruments. Troll’s Toy subverts tradition and creates its own unique, purely instrumental variation of the power trio.

The music is based on Jorge Loura’s electric guitar, supported by the rhythmic momentum of João Martins’ drums. There is no bass, and its absence is not missed, as the guitar fills the space, sometimes taking over the role of the bass.

Gabriel Neves’ saxophone, an instrument usually associated with jazz, completes this twisted power trio, adding his zigzag agility to the mix. This music may defy convention and not conform to tradition, but “power” is certainly something that’s not lacking in this trio.

In 2019, Troll’s Toy released their debut album ’18:05′, which already displayed its fierce originality: Energetic music that blurs boundaries, crossing the universes of rock and jazz. On Eksterordinare, the trio takes this energy to new heights, exploring contrasting environments – from explosive tension, shock and confrontation, to moments of atmospheric calm.

The title of this album is actually the Esperanto word for “point outside the norm”, “extraordinary” in the sense of “outside the ordinary”. There is no turning back. This music is beyond the norm, it is beyond the ordinary, it is truly extraordinary.”

Clean Feed 20 Anos: Anos dourados

Fundada no ano de 2001, a editora Clean Feed rapidamente conquistou o mundo. A label portuguesa afirmou-se de forma progressiva na primeira década do século XXI, sustentou e consolidou o prestígio ao longo desta segunda década de vida. Editou figuras lendárias (como Evan Parker, Peter Brötzmann e Joe McPhee), revelou formações que se afirmaram internacionalmente, deu palco a nomes consagrados do jazz português (Carlos Bica, Bernardo Sassetti, João Paulo Esteves da Silva, Sei Miguel) e foi lançando novos talentos nacionais (Hugo Carvalhais, Gabriel Ferrandini, Susana Santos Silva, Gonçalo Almeida, Ricardo Toscano, Mário Costa, etc.). Neste ano de 2021, assinalado o seu 20.º aniversário, a editora continua a alargar o seu vastíssimo catálogo, com uma atenção muito especial aos músicos nacionais. Entre a label principal (Clean Feed) e as sub-labels Shhpuma e Trem Azul, são vários os projectos editados por músicos portugueses dignos de nota. Entre o jazz, a música improvisada e todos os caminhos onde a exploração possa levar, a Clean Feed mostra a música do nosso tempo.

Hearth – Melt (Clean Feed)

A incansável Susana Santos Silva, que também lançou este ano o excelente disco Tomorrow em duo com o contrabaixista Torbjorn Zetterberg (edição do Carimbo Porta-Jazz), é uma das quatro integrantes deste supergrupo all-star que reúne quatro figuras de proa da cena improvisada europeia. A acompanhar o trompete da portuense estão as saxofonistas Mette Rasmussen e Ada Rave e a pianista Kaja Draksler. O quarteto trabalha uma improvisação fluída, com as quatro vozes instrumentais que vão cruzando ideias, provocando, desenhando ligações. Quatro improvisadoras em pico de forma, num disco que é uma maravilha de conversa musical.

Rafael Toral Space Quartet – Directions (Clean Feed)

Do Space Program de Rafael Toral resultou uma enorme discografia e esta formação surge também em continuação desse trabalho. Rafael Toral (amplificador, feedback) lidera aqui um grupo onde se faz acompanhar por Nuno Torres no saxofone e electrónica, Hugo Antunes no contrabaixo e Nuno Morão na bateria e percussão. O quarteto desenvolve uma música nova, onde a propulsão do jazz se encontra com a sonoridade eletrónica de Toral. Manipulado com agilidade, o feedback electrónico resulta estranhamente fluído, sugerindo diferentes caminhos e direções, muito bem apoiado pelo restante trio, que vai construindo uma rede de segurança jazzística. O encontro acaba por funcionar numa verdadeira conexão, daí resultando uma música que é surpreendentemente espacial.

Luís Lopes Lisbon Berlin Quartet – Sinister Hypnotization (Clean Feed)

Luís Lopes – Emmentes (Shhpuma)

Imparável, o guitarrista Luís Lopes tinha ainda editado recentemente o último registo do seu Humanization Quartet (grupo que esteve neste outono em tour pela Europa) e agora lançou quase em simultâneo dois novos registos. Lopes já tinha gravado dois discos em trio entre Lisboa e Berlim (com Robert Landfermann no contrabaixo e Christian Lillinger na bateria) e agora alarga a formação deste projecto, transformando-o em quarteto, com a adição do pianista luso Rodrigo Pinheiro (aqui em versão elétrica, no Fender Rhodes). Se, com o Humanization, Lopes se aventura por um jazz-rock-free desgarrado, nesta aventura luso-alemã explora caminhos de improvisação mais aberta, igualmente enérgica. Sinister Hypnotization surge na continuação lógica do trabalho do Lisbon-Berlin Trio, mantendo as caraterísticas base e expandindo a paleta sonora, usando Pinheiro como joker.

Em paralelo, Luís Lopes revela uma outra faceta musical, mais escondida, igualmente interessante. Em 2016 Lopes tinha editado o disco Love Song, uma exploração de guitarra acústica, a solo, revelando um universo mais pessoal e lírico. O novo Emmentes surge em continuação, no mesmo tipo de registo, lírico, pausado, pensado, com espaço. Cada nota é atacada com gravidade e sentimento, uma faceta completamente oposta ao habitual Lopes elétrico (dos Humanization Quartet e Lisbon-Berlin). Dois discos, duas facetas que se complementam.

The Selva + Machinefabriek – Barbatrama (Shhpuma)

Ritual Habitual – Pagan Chant (Clean Feed)

Gonçalo Almeida é um notável contrabaixista português, radicado em Roterdão, que se desdobra em múltiplos projectos e colaborações. No trio The Selva encontrou um dos seus projectos âncora, onde a improvisação é a chave – em parceria com Ricardo Jacinto no violoncelo e Nuno Morão na percussão. Neste disco Barbatrama a música do trio The Selva é manipulada e trabalhada por Machinefabriek (alias do artista sonoro neerlandês Rutger Zuydervelt) e o resultado não é a típica improvisação livre, é algo novo e surpreendente. Os sons gravados pelo trio são isolados, transformados, recondicionados, e daí nasce algo com outras formas. Não é a música que conhecíamos do projecto The Selva, é algo diferente e novo. E é óptimo.

Num registo diferente está o grupo Ritual Habitual, numa abordagem assumidamente jazzística, próxima do free jazz. Além de Almeida, o trio completa-se com Riccardo Marogna (saxofone tenor, clarinete baixo e sintetizadores) e Philipp Ernsting (bateria). Este “canto pagão” evoca as características da fire music (na sua era dourada, entre os fins de 1960’s e início dos 1970’s). Destaca-se o fulgor coltraneano de Marogna, bem acompanhado pela pujança de Almeida e Ernsting, que alimentam um fogo contínuo.

Garfo – Garfo (Clean Feed)

Se nos últimos anos se muito tem falado nas novas gerações do jazz português, este disco revela uma “novíssima” geração. Quatro jovens músicos portugueses apresentam-se ao mundo com música original, um jazz que bebe da tradição mas tem ideias frescas e mostra querer seguir em frente. Estão aqui Bernardo Tinoco (saxofone), João Almeida (trompete), João Fragoso (contrabaixo) e João Sousa (bateria), músicos que começam a mostrar-se em diversos contextos. O jovem quarteto explora diferentes ambientes – entre momentos de puro jazz clássico, até situações de mais liberdade exploratória – e exibe uma primorosa qualidade técnica. O futuro é deles.

Luís Vicente Trio – Chanting In The Name Of (Clean Feed)

O trompetista Luís Vicente tem sedimentado um percurso magnífico, alimentando colaborações que se reflectem numa discografia vasta, repleta de ligações com nomes internacionais. Agora, Vicente aposta num formato simples – o trio – e escolheu como parceiros dois músicos portugueses. A aposta terá resultado, uma vez que este talvez seja, do seu extenso percurso, o registo mais focado e interessante. O trompete de Vicente tem a companhia do contrabaixo de Gonçalo Almeida (o mesmo dos grupos The Selva e Ritual Habitual) e da bateria de Pedro Melo Alves (Omniae Ensemble, The Rite of Trio, entre outros) – dois instrumentistas de recursos amplos e que, reconhecidamente, dominam diferentes linguagens. O trio desenvolve uma música que, partindo de composições originais, tem o seu eixo na improvisação ancorada no jazz. Os três instrumentistas navegam à vontade, em segurança, explorando caminhos, sem perder o norte. Ao longo de cinco temas o trio Vicente/Almeida/Melo Alves pratica um diálogo em modo jazzístico onde não sobram pontas soltas, onde cada um dos instrumentistas se evidencia. Destaque para o tema-título, interpretado com uma toada quase religiosa.

Pedro Melo Alves Omniae Large Ensemble – Lumina (Clean Feed)

The Rite of Trio – Free Development of Delirium (Clean Feed)

O mesmo Pedro Melo Alves é um dos músicos que mais se tem feito notar neste ano de 2021. Além da participação no trio de Vicente, editou discos de dois projectos que lidera, além de estrear um duo com Pedro Carneiro. Com a primeira versão do seu Omniae Ensemble (disco editado em 2017, pela Nischo) revelou-se como compositor fora-de-série: aqui, Melo Alves expande a formação e retrabalha as mesmas composições de base, mas reinventando-se. Agora, conta com o apoio do maestro Pedro Carneiro na condução, além de ter alargado o leque de músicos para expandir a paleta musical numa direção mais exploratória. O disco é também revelador da expansão do próprio universo musical de Melo Alves – já sabíamos que o tínhamos de ter em atenção, agora confirmou-se definitivamente como um dos músicos mais versáteis e criativos da nossa praça.

Essa versatilidade confirma-se com a edição do segundo disco do grupo The Rite of Trio. Melo Alves é um dos três eixos – além de Filipe Louro no contrabaixo e de André B. Silva na guitarra (também mentor do projeto The Guit Kune Do). Os The Rite já tinham surpreendido a cena nacional com o disco de estreia em 2016, e agora já não serão surpresa, confirmam-se de vez, numa peça original sobre loucura e delírio – inspirada na Carta Aberta… Aos Poderes de Antonin Artaud. Rock, jazz e free, tudo fragmentado, tudo mesclado, pós-Zappa e pós-Zorn, sem medo da vertigem.

Pedro Carneiro & Pedro Melo Alves – Bad Company (Clean Feed)

Carlos Zíngaro & Pedro Carneiro – Elogio das Sombras (Clean Feed)

Maestro, director da Orquestra de Câmara Portuguesa e extraordinário vibrafonista, com um percurso assinalável no universo da música contemporânea, Pedro Carneiro tem também explorado a improvisação livre e estes dois registos são a prova de uma curiosidade sem limites, particularmente notável para um músico que sai da sua zona de conforto e desbrava caminhos. Em duo com o jovem Melo Alves, Carneiro enceta um diálogo instrumental atípico, espécie de música contemporânea de câmara.

O veterano Carlos Zíngaro não é só uma figura histórica da improvisação portuguesa, continua a ser um mestre da improvisação sem rede. Em duo com Carneiro, Zíngaro volta a exibir a sua enorme musicalidade, desenhando ideias, dialogando com o vibrafone. A dupla desafia-se, dialoga, desenha melodias, desconstrói e reinventa. Elogio das Sombras é uma obra prima contruída por dois mestres da música portuguesa.

Afonso Pais – O que já importa (Trem Azul)

Guitarrista com percurso ligado ao jazz, Afonso Pais tem aqui um objecto estranho, onde faz uma exploração de instrumentais, à volta de guitarra, com o apoio de um trio de vozes (Margarida Campelo, Luísa Caseiro e Nazaré da Silva), além de João Hasselberg (baixo elétrico) e João Correia (bateria). O resultado é cativante, abordagem original que por vezes soa bluesy; e em alguns momentos lembra a parceria João Hasselberg & Pedro Branco (onde Pais é peça central). Destaca-se o tema “Conforto”, que conta com a participação de Capicua.

João Lencastre’s Communion Unlimited Dreams (Clean Feed)

Baterista de vastos recursos, João Lencastre tem explorado o universo da improvisação livre em paralelo com um sólido percurso na exploração de diversas formas de jazz. Ao leme do seu grupo Communion (formação que tem acolhido diferentes músicos em diferentes momentos), Lencastre apresenta um jazz original, sempre apoiado por músicos de reconhecido mérito. Desta vez reúne um octeto, onde junta a elite de músicos nacionais (Ricardo Toscano, André Fernandes, Pedro Branco, João Hasselberg e Nelson Cascais), ao lado de Albert Cirera e Benny Lackner. O grupo interpreta as composições de Lencastre com precisão, combinando as diversas camadas, num desafio laborioso. O anterior disco de Lencastre, Parallel Realities (que partilhou também com Cirera, Branco e Hasselberg), mostrava uma música original, sem fronteiras nem rede. Este novo Unlimited Dreams continua a carregar essa identidade, agora num ambiente marcadamente jazzístico, igualmente desafiante.

LUME Las Californias (Clean Feed)

O projector L.U.M.E. (acrónimo para Lisbon Underground Music Ensemble), liderado por Marco Barroso, é um dos mais originais e criativos projectos ligados ao jazz nacional. Desde o seu surgimento, esta formação mostrou alguma da música mais original feita em Portugal, cruzando universos, desafiando geografias sonoras e cruzando estéticas. Em 2010 o grupo editou o seu álbum de estreia, homónimo, via JACC Records, que foi alvo de uma segunda edição em 2013, pela editora Challenge; o segundo disco chegou em 2016, pela Clean Feed: Xabregas 10. Cinco anos depois, chega o terceiro registo, mantendo as mesmas características. Neste terceiro disco Barroso (composição, direção e piano), tem a companhia de Manuel Luis Cochofel (flauta), Paulo Gaspar (clarinete soprano), João Pedro Silva (sax soprano), Tomás Marques (sax alto), Mateja Dolsak (sax tenor), Elmano Coelho (sax barítono), Sergio Charrinho, Jessica Pina e Ricardo Carvalho (trompetes), Rúben da Luz, Eduardo Lála e Mário Vicente (trombones), Miguel Amado (baixo elétrico) e Vicky Marques (bateria). A big band pós-moderna trata de interpretar as composições esquizofrénicas de Barroso com alta intensidade, fazendo nascer um jazz rebelde que desafia convenções.

Este notável pacote de discos de produção nacional é reveladora não só da enorme quantidade de projectos nacionais, como a excelente qualidade do produto português. A Clean Feed faz 20 anos, mas quem faz a festa somos nós, de cada vez que escutamos um destes discos. Obrigado, Clean Feed.

Hernâni Faustino e Travassos & Pedro Sousa no Movimento Presente

Hernâni Faustino (Fotografia: Vera Marmelo)

O espaço Movimento Presente acolhe no dia 18 de Novembro um concerto duplo, com Hernâni Faustino (solo) e a dupla Travassos & Pedro Sousa. Faustino, um dos eixos do RED Trio, editou recentemente o seu primeiro registo de solo de contrabaixo, Twelve Bass Tunes (Phonogram Unit). Travassos (electrónica) e Pedro Sousa (saxofone), duas das mais activas figuras da cena experimental de Lisboa, também 2/3 do trio Pão, embarcam numa aventura em duo abençoada pela improvisação – a dupla apresenta a peça Dois Dias e Uma Tempestade, uma composição a partir de field recordings, espécie de analogia emocional sobre serenidade e colapso. O Movimento Presente fica situado na Rua Damasceno Monteiro 85, em Lisboa, e o arranque dos concertos está marcado para as 21h00. As reservas podem ser efectuadas através do email geral@narizentupido.

Pedro Melo Alves apresenta novo trio luso-italiano

Simone Quatrana, Andrea Grossi e Pedro Melo Alves

A Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, vai acolher esta quarta-feira, 17 de novembro, uma actuação de um trio luso-italiano inédito que junta Andrea Grossi (contrabaixo), Simone Quatrana (piano) e Pedro Melo Alves (bateria). O trio actuará na sexta-feira, 19, no Salão Brazil em Coimbra e no sábado, 20, no Ermo do Caos no Porto.

O baterista Melo Alves, também mentor dos projectos Omniae Large Ensemble e The Rite of Trio, apresenta este novo projecto e conta a forma como nasceu: “Esta apresentação na ZDB é uma continuação de uma ponte entre a cena musical improvisada de Lisboa e Milão que remonta a 2019. Eu conheci o Andrea Grossi quando fui galardoado com o Premio Internazionale Giorgio Gaslini e ele foi a menção honrosa desse ano em Julho de 2019. O Andrea é um contrabaixista especial e elegante, com uma exploração séria em música clássica, jazz e composição erudita que eu tenho vindo a seguir com gosto. Nesse ano toquei em Borgotaro em quinteto com ele, juntamente com os noruegueses Karoline Wallace, Mathias Hagen e Andres Gleditsch. Mais tarde fui a Milão e toquei de novo no La Schigera com o Andrea e com o veterano Massimo Falascone em trio, na mesma noite que o Milano Music Collective, um colectivo de improvisadores, onde conheci o Simone Quatrana. O Simone é um pianista incendiário, com um forte trabalho a solo e registos discográficos com grandes nomes da música improvisada como o Ken Vandermark. Foi aí que este trio se originou e que a partilha musical começou, sendo que se trata de um trio de piano com origens musicais tanto na música contemporânea como na improvisação livre, sem ter, como seria de esperar, o seu pilar estrutural no jazz. Organizámos uma pequena tour à semelhança desta que agora acontece para Março de 2020 que coincidiu precisamente com o início da pandemia, então todos os concertos foram cancelados. Temos agora esta nova oportunidade para nos reunirmos e apresentarmos esta música improvisada que tem vindo a maturar nos últimos dois anos. Hoje é na Galeria Zé dos Bois, seguimos na sexta-feira para o Salão Brazil em Coimbra, para o Porto no Ermo do Caos no sábado e para a semana em Milão e Modena, onde vamos gravar em estúdio o resultado desta pequena tour.”

Serralves dedica ciclo a David Behrman

Nos dias 27 e 28 de novembro, Serralves apresenta o ciclo Open Space: Focus on David Behrman, uma homenagem ao compositor pioneiro da música electrónica. O ciclo apresenta ao longo dos dois dias um conjunto de concertos, filmes e ainda uma conversa. Os concertos terão a participação do próprio David Behrman, de Okkyung Lee e do ensemble ars ad hoc.

A maioria das composições de Behrman envolvem estruturas flexíveis e a utilização da tecnologia de formas particulares. Assentam numa interação em tempo real entre sistemas eletrónicos e os músicos. Conta David Behrman: “Sempre quis fazer obras que têm uma personalidade, que se mantêm distintivas e reconhecíveis, mas que estão abertas a mudanças surpreendentes que podem surgir quando são tocadas ao vivo ou exibidas. Gosto da ideia de ser um desenhador de situações e não de peças fixas.” Aqui fica o programa completo do ciclo.

Sábado, 27 Nov:

16:00 – Filmes: Meringue Diplomacy de Terri Hanlon, Cascade de Robert Watts, Cloud Music (Documentation Excerpt) de Robert Watts/David Behrman/Bob Diamond

17:30 – Concerto: David Behrman e o ensemble ars ad hoc apresentam: View FinderFigure in a Clearing e On the Other Ocean, de David Behrman

Domingo, 28 Nov:

16:00 – Conversa: David Behrman e Terri Hanlon, com moderação de Isilda Sanches

17:30 – Concerto: David Behrman e o ensemble ars ad hoc apresentam Open Space, de David Behrman

18:00 – Concerto: Okkyung Lee e David Behrman – Elementos surgidos do decorrer das performances que realizaram juntos no passado.

Rodrigo Brandão apresenta LX LIVRE

Rodrigo Brandão, artista brasileiro de spoken word, vai apresentar o evento LX LIVRE em Lisboa. O evento realiza-se entre os dias 2 e 5 de dezembro, entre a Fábrica do Pão (Casa do Capitão) e o Musicbox. Brandão vai reunir 13 músicos de jazz, portugueses e brasileiros, num processo de gravação de um disco que poderá ser acompanhado pelo público. Neste processo Rodrigo Brandão estará acompanhado por músicos como Rodrigo Amado, Luís Vicente, Hernâni Faustino e Pedro Melo Alves. Após três dias de gravação na Fábrica do Pão (2, 3 e 4 de dezembro, das 18h30 às 21h30), os músicos irão fazer uma apresentação ao vivo no Musicbox (5 de dezembro, das 17h às 21h). Os bilhetes para as sessões na Fábrica do Pão têm o custo de 5€ por dia; também pode ser adquirido um bilhete para os três dias por 10€; para o Musicbox, os bilhetes têm o custo de 6€.

Editora Roda lança dois novos álbuns

A editora Roda, que realizou recentemente o seu primeiro festival, lança agora dois novos álbuns: Faro-Oeste de Luís Cunha e Math Trio de João Mortágua. Faro-Oeste apresenta um conjunto de temas originais do trompetista Luís Cunha, interpretado por um quinteto com Nuno Costa, Óscar Graça, André Rosinha e André Sousa Machado. Math Trio é um novo projecto do saxofonista João Mortágua, acompanhado por Diogo Dinis e Pedro Vasconcelos.

A editora, fundada por Rita Maria, Luís Figueiredo e Mário Franco, apresenta-se: “A nossa missão é oferecer uma mostra de artistas de jazz e música contemporânea que sentimos representar a música de hoje no panorama cultural e criativo de Portugal. Cada artista que acolhemos tem uma perspectiva única em como quer contribuir como criador da paisagem sonora e intervenção artística, a Roda privilegia essa visão. Procuramos reunir variedade e unidade ao mesmo tempo preservando a riqueza dos idiomas dos quais a música é moldada.”

Estas duas novas edições juntam-se aos já publicados Círculo (Rita Maria, Luís Figueiredo e Mário Franco), The Art of Song Vol. 1 – When Baroque Meets Jazz (Rita Maria & Filipe Raposo), Pranava (Lara Lima & Luís Figueiredo), À Deriva (Luís Figueiredo solo) e Kintsugi (João Mortágua & Luís Figueiredo). O catálogo completo da editora Roda está disponível no Spotify.