Disco: “Nothingness” de Vítor Joaquim

Vítor Joaquim
Nothingness
(Edição de autor, 2019)

Vítor Joaquim tem desenvolvido um percurso ímpar na música experimental nacional, servindo-se do laptop como principal ferramenta e, desde meados dos anos ’80, Joaquim tem-se afirmado em Portugal como um dos pioneiros da música criada digitalmente. Este novo disco Nothingness surge na sequência dos álbuns Impermanence (também solo de Joaquim) e Tuning the Invisible do projecto HAN (duo de Joaquim com Emídio Buchinho). Vítor Joaquim serve-se de laptop e sons gravados de instrumentos tradicionais (piano, teclados, electrónica, guitarra e outros). A toada, como habitualmente, é ambiental e soa como um sedutor zumbido hipnótico. Os temas vão evoluindo lentamente, surgem novos elementos, mas vamos sempre acompanhando um fluxo de murmúrio contínuo.

“Since nothing seems to resist the passage of time and yet everything seems to last as if time has not passed, this album is like a boat stranded in time, docked at a quay of forgotten places, where from time to time music is heard from past but soon fade like a mist carried by the sea breeze. Everything is impermanent and can only be so. As if it were away, not here or there, lost everywhere, not expecting to know where it might be but be elsewhere and nowhere at the same time. Always knowing that here and now is the only moment in which we can truly live happiness.”
– Vítor Joaquim

André Matos apresenta “Earth Rescue”

[Fotografia: José Sarmento Matos]

O guitarrista André Matos é um músico português a residir em Nova Iorque há vários anos. Matos tem desenvolvido trabalho musical em diversos contextos: ao leme dos seus grupos, como sideman, em duo com a cantora Sara Serpa e também a solo. Agora, Matos acaba de apresentar um novo disco a solo, Earth Rescue. Neste trabalho Matos reúne um conjunto de dez composições originais, gravadas em Lisboa em Agosto de 2019. O disco pode ser escutado aqui e tem uma dedicatória importante: “This album is dedicated to the memory of several family members who left too early. To the loved ones who are alive. To places I love. To animals. To the sea. To my students. To my teachers. To the activists who fight for our planet, for human rights, for the refugees. To our future.”

Disco: “Ponto de Vista” de Carlos Peninha

Carlos Peninha
Ponto de Vista
(Edição de autor, 2019)

Guitarrista e compositor, Carlos Peninha nasceu em Viseu em 1962. Após três décadas de trabalho artístico em diversas áreas, Peninha estreou-se na condição de líder com o disco Tocar o Chão, editado em 2017, onde explorou o formato canção em ligação com a poesia portuguesa. Agora, ao segundo disco, Ponto de Vista, Peninha investe num projecto assumidamente jazzístico.

Neste novo disco Peninha (guitarras e Rhodes) faz-se acompanhar por três dos mais notáveis músicos da actual cena jazz nacional:  João Mortágua nos saxofones alto e soprano, Miguel Ângelo no contrabaixo e Marcos Cavaleiro na bateria. Acrescenta-se ainda uma convidada, Luísa Vieira, que contribui com flauta transversal e voz em dois temas.

A música aqui gravada foi composta por Peninha em diversos momentos, entre 1987 e 2018, e o autor afirma que “pretendeu fazer-se uma abordagem livre, de forma a que este registo captasse a espontaneidade de uma nova leitura”. O disco revela um conjunto de composições bem servidas pelo envolvimento colectivo, resultando um trabalho sólido. Ponto de Vista pode ser escutado no Bandcamp.

Hot @ Home: Hot Clube promove concertos online

Neste tempo de paragem de actividade, o Hot Clube de Portugal vai promover o ciclo Hot @ Home, transmitindo na sua página de Facebook pequenos concertos com professores da Escola de Jazz Luiz Villas-Boas. Estes concertos terão lugar às sextas e sábados, a partir das 19h. Os músicos que participam serão pagos pelo Hot Clube, além do que o público também poderá contribuir. O ciclo arranca hoje, 10 de Abril, com a dupla Bruno Santos (guitarra) e Ricardo Toscano (saxofone alto). No sábado, dia 11, actua André Rosinha (contrabaixo). A restante programação será divulgada em breve.

Augusto Baschera e João Bernardo apresentam “Grey City”

A dupla Augusto Baschera (guitarra) e João Bernardo (piano) apresenta o disco Grey City. Este disco foi publicado em edição de autor, tendo sido apresentado no Hot Clube de Portugal no dia 8 de Janeiro. Este disco reúne um conjunto de seis temas originais, onde Baschera e Bernardo procuram explorar o resultado da fusão tímbrica dos dois instrumentos, com influências de música popular, erudita e jazz. O disco está disponível no Spotify e Apple Music e podemos ouvir uma amostra aqui.

Red List Ensemble edita disco de estreia

O grupo Red List Ensemble acaba de editar o seu disco de estreia, Scope. Esta formação surgiu da iniciativa do violoncelista português Guilherme Rodrigues, actualmente a residir em Berlim, e junta um grupo de músicos internacionais: Marko Hefele (violino), Rieko Okuda (piano), Michael Thieke (clarinete), Matthias Müller (trombone), Mia Dyberg (saxofone), Klaus Kürvers (contrabaixo), Sofia Borges (percussão) e Richard Scott (electrónica). O Red List Ensemble trabalha uma música assente na improvisação livre e este disco tem edição da Creative Sources. O álbum pode ser ouvido online na página Bandcamp.

José Dias promove ciclo de improvisação online

O músico e investigador José Dias, autor do livro Jazz in Europe e do disco After Silence, Vol. I, encontra-se a promover um novo ciclo de música improvisada online. O ciclo The Noise Upstairs apresenta pequenas actuações (15 minutos) de músicos oriundos de toda a Europa, incluindo Portugal. O ciclo The Noise Upstairs promove concertos sempre às terças e quartas, entre as 16h e as 17h, no canal Youtube youtube.com/thenoiseupstairs.

A pintura jazz de Grácio Dias

Grácio Dias é um artista plástico que tem desenvolvido trabalho de desenho e pintura com enfoque no mundo do jazz, retratando figuras históricas da grande música negra. Carlos Miguel Grácio Dias nasceu em 1957 em Tete, Moçambique, tem formação em arquitectura e mantém em paralelo o trabalho artístico. O artista sublinha dois momentos fundamentais na sua ligação ao jazz: a aquisição do disco Presenting Cannonball de Cannonball Adderley e ter assistido à primeira edição do festival do Cascais Jazz em 1971, que contou com a participação de Miles Davis e Thelonious Monk, entre outros. Em 2009 Grácio Dias teve a sua primeira exposição na antiga loja Trem Azul, em Lisboa. A exposição Expressões de Jazz esteve patente no Fórum Grandela, Benfica, em Lisboa, entre Janeiro e Fevereiro de 2020. Sobre esta exposição, escreveu João Jacinto: “Um ritmo tropeçado, uma cor rasurada, uma forma que se atrasa ou se desacerta na sua certeza de chegar, e chega, chega muitas vezes, mas assim, com esse desplante, e isso tudo porque se escolhe em lugar da rectilínea felicidade, é o que, com alegria, aqui encontro.” Aqui ficam alguns pormenores do trabalho de Grácio Dias.

João Pais Filipe lança novo disco “Sun Oddly Quiet”

João Pais Filipe vai lançar um novo disco, Sun Oddly Quiet. Este disco tem data de edição para 24 de Abril, numa parceria entre a Lovers & Lollypops e Holuzam. O lançamento do disco será assinalado com um concerto de apresentação em streaming, que será anunciado em breve. O baterista, percussionista e escultor sonoro, João Pais Filipe serve-se de um kit de bateria por si desenhado para criar um set de temas “entre a pista de dança e o mantra”, conforme se lê na nota de apresentação. Aqui fica o single de apresentação, “XV”, um vídeo da autoria de Maria Mendes.