Filipa Franco é uma jovem cantora e compositora que se vai apresentar ao vivo no Hot Clube, no dia 16 de dezembro. A cantora estará acompanhada pelo seu quinteto, onde tem a companhia de outros jovens músicos: João Gato no saxofone, Vasco Pimentel no piano, Francisco Nogueira no contrabaixo e João Pereira na bateria. No concerto, integrado no ciclo Newcomers do Hot Clube, o quinteto irá apresentar ao vivo a sua música original. Numa pequena entrevista, Filipa Franco apresenta-se.
Pode falar sobre o seu percurso musical, os primeiros contactos com o jazz e a aprendizagem académica?
Desde pequena que tenho contacto com o mundo da música, e também da dança, sendo que os meus pais têm, ambos, carreiras artísticas nessas áreas. A minha mãe, Catarina Lourenço, foi bailarina na Companhia Nacional de Bailado e o meu pai, Mário Franco, para além de bailarino na CNB é também compositor e contrabaixista. Participou em inúmeros projetos, alguns emblemáticos do jazz português, como líder e sideman, logo sempre se ouviu boa música em casa. Sempre tive um fascínio pela música e, principalmente, sempre adorei cantar. Tive a sorte de ter amigas de infância com quem partilhar esse gosto, a Alice e a Nazaré! Tocávamos guitarra e piano, e cantávamos canções juntas. Paralelamente, decidi que queria aprender piano clássico e, aos 12 anos, iniciei as aulas, que foram muito importantes para as minhas primeiras noções musicais e o desenvolver do meu gosto musical. Apesar de sempre ter tido contacto direto com o jazz, só foi aos 18 anos que me interessei um pouco mais e ingressei na Escola de Jazz Luís Villas-Boas. Começou por ser um hobby, até que percebi que queria fazer da música algo mais sério e recorrente na minha vida. Completei os quatro anos do curso e segui para a licenciatura na Escola Superior de Música de Lisboa, onde aprendi imenso, principalmente com a professora Maria João e a sua forma peculiar de ensinar. Presentemente, continuo na mesma instituição, no primeiro ano de Mestrado em Música.
Vai levar ao Hot Clube um quinteto que junta jovens músicos da mesma geração: João Gato no saxofone alto, Vasco Pimentel no piano, Francisco Nogueira no contrabaixo e João Pereira na bateria. Porque escolheu trabalhar com estes músicos?
São quatro músicos e, principalmente amigos, que muito admiro e me sinto confortável para partilhar um espaço musical. Tinha a certeza que iriam contribuir para a minha música de uma forma positiva, cada um à sua maneira, visto que temos personalidades musicais diferentes, o que muito adiciona à versatilidade e, espero, interesse do projeto.
Neste projeto apresenta composições originais. Como foi o processo de composição dos temas? Que inspirações e influências reconhece?
O processo de composição foi, maioritariamente, trabalho de “laboratório”. Consistiu em muitas horas ao piano, à procura de sonoridades que gostasse e tentar construir à volta disso. Foi um processo bastante cansativo e, por vezes, desanimador, mas diria que faz parte! Nem tudo surge num ápice, e não se é menos artista por isso. O que me ajudou muito durante todo o processo e, principalmente, nos momentos de desmotivação, foi ouvir muita música. Perceber que elementos melódicos, rítmicos, tímbricos e texturais, entre outros, gostaria de trazer para as minhas composições e explorá-los com o máximo de curiosidade. Posto isto, as influências que mais reconheci vieram do jazz português, que sempre me inspirou imensamente: canções, melodias e letras. Paula Sousa, João Paulo Esteves da Silva e Sara Serpa foram alguns dos nomes que mais ouvi e que muito contribuíram para a minha música. Ainda ouvi alguns projetos de colegas jovens músicos, pois é importante reconhecer as novas ideias e correntes musicais que vão surgindo com as gerações mais novas.
Sim. Este projeto surgiu a pedido da Maria João, minha professora na Escola Superior de Música, com a proposta de gravar um disco para a avaliação final da licenciatura, e assim o fizemos. Gravámos no grande auditório da ESML em Setembro, e planeio lançar o disco assim que estiver pronto, sendo que, neste momento, ainda se encontra nos primeiros estados de produção.
Em que outros projetos e parcerias musicais está envolvida?
Infelizmente com a pandemia, os restantes projetos foram um pouco postos de parte e estou a focar-me mais nos estudos e na composição. Porém, para além do quinteto, tenho outro projeto mais ativo: um duo com o Vasco Pimentel chamado FIASCO, onde tocamos música original e adaptamos temas de músicos que admiramos para o formato piano e voz.
Quais os seus planos e projetos para os próximos tempos?
Pretendo continuar com o quinteto, e possivelmente enveredar por outros caminhos e explorar outro tipo de sonoridades, e com FIASCO, com a eventualidade de gravar um disco. Gostaria, também, de ressuscitar um projeto que desenvolvi durante a licenciatura na Escola Superior de Música, juntamente com três colegas vocalistas, chamado Chico, onde cantávamos canções de Chico Buarque a quatro vozes, com arranjos feitos por nós.