O percurso do guitarrista e compositor Afonso Pais está sobretudo ligado ao jazz, mas não se fixa unicamente por aí, tem explorado a ligação entre o jazz e outras geografias, como tem confirmado com uma discografia diversa – Terranova (2004), Subsequências (com Edu Lobo, 2008), Fluxorama (2010), Onde Mora o Mundo (com JP Simões, 2011) e Além das Horas (com Rita Maria, 2016). Agora, Pais apresenta um novo disco, O que já importa, com uma configuração pouco habitual: a um trio instrumental (Afonso Pais na guitarra elétrica, João Hasselberg no baixo eléctrico e João Correia na bateria), junta-se um trio de vozes: Margarida Campelo, Maria Luísa Caseiro e Nazaré da Silva. O sexteto explora um conjunto de composições originais saídas da pena do guitarrista.
Foi este trabalho que o guitarrista levou ao Teatro Maria Matos, em Lisboa, no dia 22 de Junho. Perante uma sala cheia, o concerto abriu com a interpretação de um tema alheio, “Sweet Dreams”. Apenas em trio instrumental, o serão arrancou numa toada country-western com balanço. Ao segundo tema, “Última Estação”, já do novo disco, juntaram-se as vozes. Esta música foi desde logo representativa do ambiente geral do disco, na boa combinação entre o tapete instrumental e as harmonias vocais, com o sentido de melodia sempre muito presente.
A guitarra está no centro, há espaço para a exploração jazzística, mas o mais importante é a estrutura das canções e a forma como os diversos elementos se encaixam, resultando na evocação de sentimento e nostalgia. Seguem-se outros temas do disco, como “Escondido”, “Terra Transitória” e “Tépido”. Além do material do álbum, pelo meio foram incluídos outros temas no alinhamento: dois originais (“Carolina” e “Sombras de Alvalade”) e uma versão (“The Mist Covered Mountains”, tradicional escocês com arranjo de Mark Knopfler, assumido herói de Pais).
Para o final ficaram guardados os temas que no disco contam com a participação de cantores convidados. “Ermo” é cantado no álbum por Salvador Sobral, que não esteve presente no concerto; o grupo tratou de fazer uma interpretação sóbria e, já no seu final, Capicua entrou em palco e ajudou a fechar o tema. Para encerrar o concerto chegou o single “Conforto”, com narração de Capicua. O som de Capicua não estava perfeito, pelo que esta versão ao vivo não resultou com a fluidez da gravação. Neste concerto no Maria Matos, Afonso Pais exibiu as suas canções originais que conseguem combinar mundos e cores. E a música, original e verdadeira, é o que já importa.
O saxofonista português Rodrigo Amado acaba de editar o terceiro álbum do seu “quarteto americano”. Neste grupo o saxofonista, distinguido como “Artista do Ano” nos Prémios RTP / Festa do Jazz 2019, tem a companhia de Joe McPhee (sopros), Kent Kessler (contrabaixo) e Chris Corsano (percussão). Depois de ter gravado os discos This Is Our Language (Not Two, 2015) e A History of Nothing (Trost, 2018), aplaudidos pela crítica internacional, chega agora o terceiro registo desta formação. Let the Free Be Men (novamente edição Trost), reúne quatro faixas onde o quarteto exibe a sua típica improvisação acesa, música livre e energicamente feroz.
O guitarrista Marcelo dos Reis – membro dos grupos Fail Better!, Open Field, In Layers, STAUB Quartet, Pedra Contida e Chamber 4, duos com Angelica V. Salvi e Eve Risser, também co-fundador da label Cipsela – prepara-se para mais uma aventura musical. O guitarrista e improvisador vai agora lançar uma nova editora, chamada Miria Records. Reis afirma: “basicamente é uma editora pequena criada por mim para poder lançar trabalhos totalmente independentes”, “na lógica das editoras independentes para ter total controle criativo na coisa e sem compromissos com mais ninguém”. A nova editora será inaugurada com a edição de Glaciar, um novo trabalho a solo de Marcelo dos Reis, o seu segundo registo depois de Cascas. Segundo o guitarrista, este Glaciar “é um disco com uma componente cinemática muito forte, inspirada numa residência artística que fiz nos Alpes e as composições julgo que reflectem um bocado a beleza e dimensão natural do espaço e também aquilo que é o resultado do aquecimento global criado pelo ser humano”. O novo disco será lançado no dia 26 de Junho e estará disponível no Bandcamp da nova editora.
Vem aí mais uma edição do festival Que Jazz é Este?. Por Viseu vão passar nomes como Luís Figueiredo (a apresentar o disco solo À Deriva), Vessel Trio, Femi Temowo, Edu Miranda, Golpe! ou Orquestra de Jazz de Espinho com Mário Costa, entre outros. Além dos concertos, o festival apresenta outros eventos como “jazz na rua”, workshops, conversas, residências e rádio. Ana Bento, da organização do festival, faz as apresentações.
Pode começar por fazer uma apresentação desta edição do festival?
É muito difícil fazer destaques num festival que é extremamente eclético e diversificado. No leque dos 16 diferentes concertos com certeza que para algumas pessoas uns serão de mais impacto e de destaque, e para outras pessoas serão outros. Mas talvez no contexto delicado com uma série de constragimentos que temos, possa destacar a dimensão internacional que tentamos voltar a fazer acontecer com a apresentação do guitarrista Femi Temowo e a sua música inovadora sob a influência das canções do povo Yoruba e o concerto especial do colectivo Gira Sol Azul com Tony Momrelle, um dos músicos da soul mais emocionantes e significativos do palco britânico moderno. Mas por outro lado também acho muito pertinente destacar os projectos emergentes, como os Innerville, que movendo-se entre HipHopLand, SoulBlock, RnBHill, JazzHeights e FunkPark prometem surpreender-nos. Os concertos ‘especiais’, que trazem projectos que incluem convidados especiais ou juntam neste momento específico músicos que geralmente não se apresentam juntos, também são de se destacar, porque geralmente são concertos únicos, especiais. É o caso dos Vessel trio com Marcos Cavaleiro, Hery Paz e Javier Moreno, do trio de Edu Miranda que se apresenta com a convidada Luana Cozeti, dos Golpe! que com a participação do contrabaixista japonês Masa Kamaguchi e da Orquestra de Jazz de Espinho a que se junta o brilhante baterista Mário Costa. Mas depois é difícil deixar de fora dos destaques os restantes concertos, pela sua natureza específica como os Carapaus Afrobeat com a sua energia contagiante que fechará o festival, entre outros!
Que linhas estéticas/ideias guiaram o desenho da programação desta edição do festival?
O festival Que Jazz É Este? tem-se vindo a consolidar ao longo destes 9 anos de existência e não obstantes as novidades de cada ano, percebemos que há alguns pilares fundamentais que pretendemos aprofundar e dar continuidade. Relativamente à programação de concertos há uma escolha muito afirmada de incluir diferentes linhas estéticas que encaixam em horários e espaços específicos e a identidade que o festival tem afirmado assenta precisamente nessa diversidade que compõe o cartaz. Bandas com formatos especiais que incluem convidados específicos para a apresentação no festival, bandas que se movem no universo da improvisação mais estruturada ou da improvisação mais livre, projectos emergentes, música de inspiração mais étnica ou alavancada noutras estéticas como a electrónica ou o rock, grandes formações, projectos a solo, são alguns dos diferentes tópicos que este ano se encontram no cartaz Que Jazz É Este?.
Para a edição do ano passado, com os constrangimentos da pandemia, distribuíram a programação entre Julho e Setembro. Este ano voltam ao formato habitual, com 5 dias seguidos de concertos. Podemos ver esta edição como um “regresso à normalidade”?
No ano passado implementámos um formato alternativo com os 5 dias de festival distribuídos ao longo de 3 meses por precaução, porque não quisémos arriscar mais do que o que achávamos que era saudável e controlável. O contexto de pandemia tinha acabado se tornar uma realidade consciente para nós, mas num plano do desconhecido e instável. Não é que agora tenhamos conhecimento pleno do contexto actual, mas temos alguma experiência e compreendemos melhor os limites. Como a edição passada foi tranquila ao nível do contexto pandémico e de enorme sucesso a nível artístico e de dinâmica de públicos, pensamos que podemos dar este passo em segurança e com o acompanhamento de perto feito pela equipa da proteccção civil, da dgs em articulação com o município de Viseu. Voltamos por isso ao formato dos 5 dias consecutivos, de 21 a 25 de julho, mas penso que o conceito de ‘normalidade’ neste momento é muito relativo. Não sei se a normalidade pré-pandemia poderá a ser a normalidade de agora ou do futuro. Mas sem dúvida, esta edição do festival pretende recuperar a dinâmica mais intensa dos dias consecutivos e os encontros mais próximos e fortes, ainda que cumprindo regras como o distanciamento físico ou o uso de máscara, entre outros.
O festival tem apostado na diversidade de eventos e, além dos habituais concertos, apresenta, jazz na rua, workshops, conversas, residências, rádio. Esta diversidade de eventos é também uma forma de levar o jazz a mais pessoas, além do habitual público dos concertos?
Sem dúvida! Desde sempre que há o cuidado do festival fazer chegar a música às pessoas que ‘não podem vir até à música’. Nesse sentido damos continuidade às rúbricas Jazz na Rua e Jazz ao Domicílio realizando concertos na rua, em locais e horários de passagem do cidadão comum e ainda jardins de instituições como o departamento de psiquiatria do Hospital de Viseu, lares de idosos, centro de pessoas deficientes, entre outros. Uma curiosidade é que o festival nasceu num contexto de formação e profissionalização de músicos da região e esta é também uma das vertentes que pretendemos continuar a desenvolver. Nesse sentido este ano acontece 13a. Edição do Workshop de Jazz de Viseu orientada pelos músicos do projecto MAU (Miguel Ângelo, Mário Delgado e Mário Costa) que ao longo de 3 dias intensivos vão ‘cruzar ideias, inspirações e encontrar respostas difíceis para a longa mas gratificante aprendizagem do Jazz e da música improvisada’. A Rádio Rossio, um projecto de rádio ao vivo que se realiza a partir de uma roulote instalada este ano no Parque Aquilino Ribeiro, integra o festival desde 2015 e continua em grande destaque ao longo dos vários dias do festival com uma programação muito diversificada de programas de autor. Ainda nas áreas da educação e formação artística acontecem duas oficinas para público em geral (uma em forma de orquestra de guitarras eléctricas outra que explora a ideia de rádio pirata) e um ciclo de conversas que pretendem ser um espaço de partilha e reflexão sobre algumas questões importantes relacionadas com a gestão de carreira dos artistas das mais variadas áreas. Portanto sim, a diversidade de propostas que integram o festival é também uma forma de levar o jazz, a música, a mais pessoas.
O trompetista Luís Vicente tem estado imparável. No ano de 2020 editou um surpreendente disco a solo, Maré (edição Cipsela), que irá apresentar ao vivo no Jazz em Agosto. Nesse atípico 2020, Vicente publicou ainda os discos Pliable (FMR) com o quarteto In Layers, em trio com Olie Brice e Mark Sanders lançou Unnavigable Tributaries (Multikulti) e liderou um magnífico quarteto de músicos internacionais – John Dikeman, William Parker e Hamid Drake – que publicou o disco Goes Without Saying, But It’s Got To Be Said (edição JACC Records). Agora, o trompetista acaba de editar mais um trabalho original, Chanting In The Name Of, desta vez pela editora Clean Feed. O disco foi gravado com um novo trio, onde Vicente tem a companhia de dois músicos nacionais, Gonçalo Almeida no contrabaixo e Pedro Melo Alves na bateria. Numa pequena entrevista, Luís Vicente apresenta este novo disco.
Fotografia: João Duarte
Porquê o título Chanting In The Name Of? Que ideias pretendes expressar com este disco?
Chanting In The Name Of já existia antes de dar o nome ao álbum, é igualmente o nome de uma composição que o integra. Este título sugere como que uma invocação de algo ou alguém que se admira, respeita ou venera. O sentimento que me invade no momento em que toco e que realmente me faz sentir bem, confortável, o que chamo de “porto seguro”, evasão, onde me sinto num estado de transe, que não sei bem descrever, uma sensação de leveza onde parece que não comando nada mas há um rumo uma direção em que o percurso é todo ele feito com fluidez. Na vida para além da música só encontro paralelismo para este sentimento quando praticava capoeira, em que movimento, equilíbrio, associado a comunicação, aconteciam de forma espontânea, uma espécie de meditação dinâmica, sem forçar o que quer que fosse, mas tudo fazia sentido e tinha um propósito. Acredito que a música como o meu querido amigo Hamid Drake referiu, citando John Coltrane, tem um poder curativo, cicatrizante e é aí que eu também me revejo e identifico, tendo presentes essas propriedades ao invés do carácter de entretenimento que esta arte pode muitas e na maior parte das vezes assumir. Traduzindo em palavras é esta a melhor descrição que encontro para a minha música e para este disco.
Neste trio tocas com o Gonçalo Almeida e Pedro Melo Alves. Porquê a escolha destes músicos para este projecto?
São músicos que conheço bastante bem, abraçaram desde logo a “minha música” dando-lhe uma forma e cor que me agradou muitíssimo logo de início. Foi bastante fácil o nosso entendimento desde o primeiro momento em que tocámos juntos, a comunicação fluiu de forma incrível, existe uma paixão comum pela descoberta, pelo risco e uma magia que acontece de forma natural. Interessa-me a música em que a forma é elástica, moldável, nunca igual, em que a podemos chamar de orgânica, sempre disponível para assumir novas formas e contornos. O virtuosismo na execução e a complexidade na composição, sempre foram secundários para mim, atrai-me o “mandar-me de cabeça” ou ir em frente “às escuras”, lidar com o que há pelo meio, assumindo riscos e consequências, acreditando que cada um dos intervenientes terá sempre algo interessante, transcendental e surpreendente para partilhar ou seja o desafio não está no ponto de partida mas sim no durante, o que pode surgir, o deixar-me surpreender, e tanto o Pedro como o Gonçalo são exímios a executar esta arte dessa forma. Tem sido sempre fascinante tocar com eles e acredito que é assim que será também nos próximos encontros que estão agendados para breve.
O disco é editado pela Clean Feed e tem liner notes de Hamid Drake. Tocaste com Hamid Drake, num quarteto com William Parker e John Dikeman. Depois desta ligação, o que significam para ti as palavras de Hamid Drake?
Ter tocado, gravado e lançado o disco Goes Without Saying But It’s Got to Be Said com estes músicos foi uma experiência única e incrível, momentos de partilha musical e camaradagem inesquecíveis, daquelas experiências para a vida, extremamente enriquecedoras a todos os níveis. O John já conhecia bastante bem, é um amigo de longa data que muito prezo e admiro. Com o Hamid e o William já me tinha cruzado e conhecido em outras ocasiões, quando estava em tour, mas nunca tinha existido esta proximidade e partilha de palco. Espero voltar brevemente aos palcos com este grupo, é uma energia brutal tocar com eles, muito especial mesmo, são décadas de história, todo um legado a operar, é uma vibe fortíssima, indescritível. Fiquei muito feliz por o Hamid ter gostado do disco e ter aceite o convite para escrever sobre a música, uma verdadeira honra e privilégio. É um ser humano lindo e um músico impressionante, um dos meus heróis por tudo o que representa. Lembro-me de cada minuto que passámos juntos, histórias infindáveis, muita coisa boa a reter, posso considerar-me um privilegiado. Sinto-me a dar mais um passo na direção certa, neste longo por vezes sinuoso, complexo e interminável caminho na busca de valores que muito prezo, genuinidade, felicidade e paz. O Hamid foi bem fundo no que toca aos valores humanos, sensoriais, terapêuticos existentes na música, lembrando que esta é muito mais que uma simples manifestação festiva ou lúdica, existindo algo para além disso.
Fundada em 2001, a editora Clean Feed celebra neste ano de 2021 os seus 20 anos de actividade e continua a publicar discos a um ritmo elevado. A editora acaba de lançar um novo pacote de seis novos álbuns e, pela primeira vez, as edições de músicos portugueses estão em maioria, reflectindo a actual riqueza e diversidade da cena jazz e improvisada nacional. São três projectos inéditos e uma formação que já conta com alguma história.
O trompetista Luís Vicente apresenta Chanting in the name of, gravado num novo trio com Gonçalo Almeida no contrabaixo e Pedro Melo Alves na bateria. O mesmo Melo Alves junta-se ao celebrado percussionista e maestro da Orquestra de Câmara Portuguesa, Pedro Carneiro, para uma parceria original: no disco Bad Company o versátil baterista, compositor e improvisador Pedro Melo Alves (Omniae Ensemble, In Igma, The Rite of Trio, etc.), junta-se a Carneiro, na marimba, numa incursão de música exploratória contemporânea. Um outro disco a gerar muita expectativa é a estreia do quarteto Garfo, que junta a novíssima geração do jazz nacional: Bernardo Tinoco (sax tenor), João Almeida (trompete), João Fragoso (contrabaixo) e João Sousa (bateria). Ao leme do seu Lisbon Berlin Trio, o guitarrista Luís Lopes traz o terceiro registo do trio luso-alemão, onde volta a cruzar o jazz, o rock e a improvisação.
A estas propostas nacionais, juntam-se ainda duas edições internacionais, A View Through A Slot de Danilo Gallo Dark Dry Tears e Isabella de Mario Pavone Tampa Quartet, e dois lançamentos da sub-label Shhpuma, Structures of Unreason de Robert Dick / Nicola L. Hein e Ego Kills de The Killing Popes.
O Jardim da Quinta de Santa Clara, na Ameixoeira, Lisboa, vai ter acolher um ciclo de concertos. O ciclo Música no Jardim, um iniciativa da Junta de Freguesia de Santa Clara e da produtora Clave na Mão, apresenta concertos aos fins-de-semana, com particular ênfase no jazz. O ciclo arranca no dia 19 de Junho, com as Cantigas de Maio de Bernardo Moreira (19h). No dia seguinte, domingo dia 20, actua a Mimo’s Dixie Band (17h, concerto para famílias). Seguem-se actuações de Segue-me à Capela (17 Julho, 19h) e Cristina Branco & João Paulo Esteves da Silva (31 Julho, 19h). Para o público mais jovem estão previstos os espectáculos O Jazz é Fixe! (18 Julho, 17h) e Até Cantar dá Trabalho (1 Agosto, 17h). A entrada é livre, mediante reserva de bilhetes através do e-mail geral@jf-santaclara.pt.
Actualização (a 18 de Junho): O ciclo foi cancelado.
Alexander von Schlippenbach, Han Bennink e Peter Brötzmann
Depois da interrupção do ano passado, causada pela pandemia, neste ano de 2021 o Jazz em Agosto vai regressar à Fundação Calouste Gulbenkian. O festival lisboeta decorre de 29 de Julho a 8 de Agosto, com concertos distribuídos ao longo dos dois fins-de-semana, de quinta-feira até domingo. A programação da edição deste ano volta a juntar velhos mestres e novos valores, sem descurar a muito activa cena nacional do jazz e da música improvisada. O festival abre com o encontro de três históricos da improvisação europeia: Peter Brötzmann, Alexander von Schlippenbach e Han Bennink (o design gráfico do cartaz do festival é da responsabilidade do próprio Brötzmann). Seguem-se actuações de The End (quinteto que inclui Mats Gustaffson), Ignaz Schick & Oliver Steidle, Fire! (novamente com Gustaffson), Hedvig Mollestad, Katharina Ernst e Roots Magic. A representação nacional deste ano é ampla e faz-se com Luís Vicente (a solo, evocar o disco Maré), Ikizukuri (trio de Julius Gabriel, Gonçalo Almeida e Gustavo Costa, com a convidada Susana Santos Silva), João Pedro Brandão (a apresentar Trama no Navio), Pedro Moreira Sax Ensemble (com o álbum Two Maybe More na bagagem), Anthropic Neglect (quarteto de José Lencastre, Jorge Nuno, Felipe Zenícola e João Valinho), João Lobo (em trio, com Simorgh) e Gabriel Ferrandini (na primeira apresentação ao vivo do seu novo disco, a solo, Hair of the Dog). Devido às obras de renovação no jardim e no Centro de Arte Moderna, todos os concertos realizam-se dentro de portas, entre o Grande Auditório e o Auditório 2. Aqui fica o programa completo da 37.ª edição do festival Jazz em Agosto.
A cidade de Coimbra vai acolher, entre 19 e 27 de Julho, o Festival das Artes QuebraJazz. O anfiteatro ao ar livre Colina de Camões, na Quinta das Lágrimas será o principal palco do festival, que apresenta concertos entre a música clássica e o jazz. Na programação destacam-se: o guitarrista Kurt Rosenwinkel com a Orquestra Jazz de Matosinhos (a apresentar ao vivo o disco Our Secret World, de 2010), o trio de Paulo Bandeira com Cristina Branco (a apresentar a obra Momentos), o CMS Trio (de Javier Colina, Marc Miralta e Perico Sambeat) e o LAN Trio (de Mário Laginha, Julian Argüeles e Helge Andreas Norbakken). O programa completo está disponível online.
A Casa Bernardo Sassetti assinala o cinquentenário do nascimento de Bernardo Sassetti durante este mês de Junho, com um programa que inclui concertos, lançamentos de discos e de livros. A celebração arrancou no dia 4 de Junho, com o lançamento do álbum Maria do Mar, gravação de um espectáculo com música de Sassetti e narração de Beatriz Batarda. No dia 12 o São Luiz acolhe o filme-concerto Maria do Mar, com o filme de Leitão de Barros acompanhado pela música composta por Sassetti, aqui interpretada pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa com direção de Vasco Pearce de Azevedo. No dia seguinte, 13 de Junho, Salvador Sobral interpreta composições de Sassetti, um espectáculo que também terá lugar no São Luiz. Já no Hot Clube, no dia 24, os músicos do trio de Sassetti (Carlos Barretto e Alexandre Frazão) irão interpretar a sua música, acompanhados por João Paulo Esteves da Silva. E o programa fecha, no dia 26 de Junho, com o lançamento do Songbook — Vol. IV, mais um volume que reúne partituras de composições originais de Sassetti, no Centro de Artes de Belgais – momento assinalado com os pianistas Maria João Pires, Mário Laginha, Pedro Burmester, João Paulo Esteves da Silva, Filipe Melo, Daniel Bernardes, João Pedro Coelho e Luis Figueiredo.