Façamos um desvio para fora da música. Não muito, porque aqui também há muita música e o Filipe Melo é pianista de jazz, além de realizador e autor de BD. O Filipe Melo publicou recentemente o livro Balada para Sophie (edição Tinta-da-China), um livro que é um acontecimento. Quando o livro Sabrina de Nick Drnaso, uma novela gráfica, foi selecionado para a shortlist do Man Booker 2018, foi reaberto o debate sobre se a banda desenhada deveria ser considerada literatura. Livros como esta Balada para Sophie mostram que sim, que é possível contar histórias com profundidade e densidade – como também o fazem Adrian Tomine, Jiro Taniguchi, Paco Roca, Marjane Satrapi, entre muitos outros. Balada para Sophie é belíssimo, do princípio ao fim: pela beleza da história, pelas várias camadas das personagens, pela música sempre presente (incluindo um bónus musical final). Até a dedicatória é bonita: o livro é dedicado a Beatriz Lebre, que foi assassinada, vítima de violência. Magnífico.