Ao vivo: Coreto | Jazz 2020


[© Fundação Calouste Gulbenkian – Vera Marmelo]

Com a pandemia covid-19, a Fundação Calouste Gulbenkian cancelou a realização da prevista 37ª edição do Jazz em Agosto, mas não esqueceu o jazz. O anfiteatro ao ar livre da Gulbenkian deu palco a um festival exclusivamente dedicado a músicos nacionais, Jazz 2020, com um programa que reflecte a diversidade do jazz e da música improvisada de Portugal. Além dos concertos na Gulbenkian, o novo festival apresentou concertos em Coimbra e também no Porto.

O festival abriu na Gulbenkian com a actuação do Coreto, colectivo portuense que tem marcado o jazz nacionais nos últimos anos, tendo editado discos notáveis como Aljamia (2012), Mergulho (2014) e Analog (2017). Comandado por João Pedro Brandão, também impulsionador da Associação Porta-Jazz, este é um ensemble de média/grande dimensão que junta quatro saxofones (Brandão, José Pedro Coelho, Rui Teixeira e Hugo Ciríaco), dois trompetes (Susana Santos Silva e Ricardo Formoso), dois trombones (Daniel Dias e Andreia Santos), guitarra (AP), piano (Hugo Raro), contrabaixo (José Carlos Barbosa) e bateria (José Marrucho).

O alinhamento do concerto passou sobretudo por temas já gravados em disco: “Raiz”, “Sob escuta”, “Radio”, “SOS”, “Transistor”, “Curto-circuito”. Para fechar a actuação ficou reservado um tema inédito, “Born Into Nature”. O Coreto trabalha um jazz complexo e vibrante, assente na qualidade das composições e na pujança da interpretação com o envolvimento colectivo. Destacaram-se alguns momentos a solo, como o extraordinário solo de Susana Santos Silva no trompete (“Sob Escuta”), um momento de José Carlos Barbosa trabalhando o contrabaixo com arco, em registo de câmara (“SOS”); e um solo enérgico de Daniel Dias (“Curto-circuito”).

Depois deste magnífico arranque com o Coreto, o festival Jazz 2020 continuou depois na Gulbenkian com actuações de Susana Santos Silva Impermanence, Angélica Salvi, The Selva, Daniel Bernardes & Drumming GP, João Lencastre Parallel Realities, Lantana e João Mortágua. Em Coimbra a Casa das Artes Bissaya Barreto acolheu concertos dos trios Luís Vicente, Hugo Antunes e Pedro Melo Alves e TGB. No Porto a Sala Porta Jazz recebeu as actuações do quarteto Ricardo Toscano, Rodrigo Pinheiro, Miguel Mira e Gabriel Ferrandini e do André Rosinha Trio.