3 discos? A escolha de Rodrigo Amado

[Fotografia: André Cepeda]

Rodrigo Amado é um saxofonista português com uma sólida carreira internacional, ao leme dos grupos Motion Trio (com Miguel Mira e Gabriel Ferrandini), Northern Liberties e Wire Quartet, entre outros projectos, parcerias e colaborações. Com o quarteto This Is Our Language (com Joe McPhee, Kent Kessler e Chris Corsano) prepara-se para lançar um novo disco, “A History of Nothing”, numa edição da austríaca Trost Records. 3 discos? Estas são as suas escolhas.

“Para esta escolha, optei por três reedições relativamente recentes que me têm dado a volta à cabeça. Três discos gigantes que saem do universo infinito da música ainda por descobrir. Qualquer um destes discos ensina-nos que é possível criar música que não só sobrevive, e bem, à passagem do tempo, como cresce de forma contínua em actualidade e relevância. Numa primeira escolha, um pouco mais alargada, estavam também “European Radio Studio Recordings” do quarteto de Albert Ayler (Hatology), “New York Concerts” de Jimmy Giuffre, em trio e quarteto (Elemental), “Flight For Four” do quarteto de John Carter e Bobby Bradford (International Phonograph), e o surpreendente “There’ll Be No Tears Tonight” de Eugene Chadbourne (Corbett vs Dempsey).”

 


Jimmy Giuffre 3 with Paul Bley and Steve Swallow
“Bremen & Stuttgart, 1961”

(Emanem, 2016)

“Verdadeiro tratado na arte da composição em tempo real, este foi um disco essencial à minha compreensão da música de Giuffre. As improvisações são incisivas, de uma concentração e contenção estonteantes, e reinventam-se a cada nova audição. O Giuffre, tal como o Cecil Taylor ou o Anthony Braxton, é um daqueles músicos que só agora sinto ter verdadeiramente a capacidade para compreender.”

 


Joe McPhee
“Nation Time – The Complete Recordings”

(Corbett vs Dempsey, 2013)

“A minha relação com a música do Joe é, compreensivelmente, especial, e quanto melhor o conheço mais vontade tenho de mergulhar na discografia dele, que é imensa. Esta reedição do clássico “Nation Time”, revisto e aumentado, veio dar-me a oportunidade de viajar no tempo com um improvisador que considero único e puro como poucos. Inspiração absoluta para projectos futuros.”

 


Sonny Rollins Trio

“Live In Europe 1959 – Complete Recordings”
(Essential Jazz Classics, 2016)

“Esta é, desde há algum tempo, a minha edição preferida do Sonny Rollins. Tornou-se para mim, não só uma referência em termos daquilo a que pode soar um saxofone tenor, mas também uma lição sobre a criatividade no pensamento musical dele. É difícil compreender a frustração que o Rollins sentia na altura com a sua própria música, razão pela qual decidiu abandonar os palcos durante mais de dois anos. A secção rítmica do Henry Grimes com o Pete La Roca é absolutamente brutal.”