Jazz im Goethe-Garten celebra 15 anos

Philipp Gropper’s Philm [Fotografia: Frank Schemmann]

O festival Jazz im Goethe-Garten regressa em Julho com seis concertos de jazz europeu. Em 2019 o JiGG celebra o seu 15º aniversário e realiza-se entre os dias 3 e 12 de Julho. Com programação de Rui Neves (também responsável do Jazz em Agosto), o ciclo de jazz do Goethe-Institut arranca com o grupo português Cat in a Bag (quarteto de Bruno Figueira, João Clemente, João Lucas e Duarte Fonseca); actuam depois os grupos Dave Gisler Trio (Suíça), Synesthetic 4 (Áustria), Albert Cirera & João Lencastre (Espanha/Portugal) e Ghost Trio (Itália). Como habitualmente, o festival encerra com uma formação oriunda da Alemanha e nesta edição será apresentado o projecto Philm de Philipp Gropper. Os concertos têm início às 19h00 e o preço dos bilhetes é de 5€ (alunos do Goethe-Institut, reformados e estudantes 3€). No dia 12, depois do concerto de encerramento, terá lugar uma festa com DJ Johnny, com entrada livre. Aqui fica o programa completo do festival.

3 Jul: Cat in a Bag
4 Jul: Dave Gisler Trio
5 Jul: Synesthetic 4
10 Jul: Ghost Trio
11 Jul: Albert Cirera & João Lencastre
12 Jul: Philipp Gropper’s Philm + Festa c/ DJ Johnny

André Carvalho apresenta o seu terceiro disco

O contrabaixista e compositor André Carvalho, músico nascido em Lisboa e residente em Nova Iorque, acaba de lançar o seu terceiro disco como líder. O novo álbum “The Garden of Earthly Delights” representa mais um passo sólido na sua evolução musical e foi gravado na companhia de André Matos, Jeremy Powell, Eitan Gofman, Oskar Stenmark e Rodrigo Recabarren. Esta música nova será apresentada ao vivo em concertos no Hot Clube de Portugal (1, 2 e 3 de Agosto), Out.Jazz em Lisboa (4 de Agosto), Quebra-Jazz em Coimbra (23 e 24 de Agosto), Reitoria da Universidade do Minho (5 de Setembro) e Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa (6 de Setembro). Em entrevista, André Carvalho apresenta o seu percurso e fala sobre este novo trabalho.

Como nasceu a tua ligação com o jazz?
Nasceu quando comecei a ir ver concertos ao Hot Clube, quando comecei a trocar CDs com amigos e a ir à biblioteca de Oeiras ouvir discos.

Quais são as tuas principais influências como contrabaixista?
São muitas, há muitos contrabaixistas que gosto de ouvir. Citando alguns: Ray Brown, Paul Chambers, Sam Jones, Ron Carter, Charlie Haden, Rufus Reid, Oscar Pettiford, Larry Grenadier, Ben Street, Matt Brewer, Thomas Morgan, Joe Sanders, Harish Raghavan, Wilbur Ware, Robert Hurst, Chris Tordini, entre muitos outros que provavelmente me estou a esquecer mas que adoro ouvir. Mas há muitos outros instrumentistas que me influenciam mesmo como contrabaixista: Sonny Rollins, Miles Davis, Keith Jarrett, Herbie Hancock, Wynton Kelly, Sonny Stitt, John Coltrane, Ben Monder, Peter Bernstein, Mark Turner, Stan Getz, Chris Cheek, Sam Yahel, David Liebman, Lee Konitz, Ornette Coleman, Billy Higgins, Tony Williams, Elvin Jones, Paul Motian, Bill Frisell, entre muitos outros. Depois há também compositores que gosto imenso: Brahms, Messiaen, Bach, Beethoven, Thelonious Monk, Bartok, Ligeti, Charles Ives, Shostakovich, Hindemith, Stravinsky, Dutilleux, Penderecki, Debussy, Milton Nascimento, entre muitos outros.  Continue reading “André Carvalho apresenta o seu terceiro disco”

Cantigas de Maio na Fundação Saramago

A Fundação José Saramago vai acolher o espectáculo “Cantigas de Maio” no dia 18 de Maio, sábado, às 18h30. Este concerto vai reunir em palco os músicos Bernardo Moreira (contrabaixo), Ricardo J. Dias (piano), André Santos (cordofones) e João Neves (voz). O novo quarteto vai apresentar revisões de canções de intervenção de autores como José Afonso, José Mário Branco, Fausto ou Adriano Correia de Oliveira. Os bilhetes têm o preço único de 5€ e estão disponíveis na Fundação Saramago ou por reserva através do email secretaria@josesaramago.org.

Motion Trio com Jeb Bishop no Damas

[Fotografia: Vera Marmelo]

O trombonista Jeb Bishop vai voltar a tocar com o Rodrigo Amado Motion Trio no próximo dia 17 de Maio. O trio de Amado (saxofone), Miguel Mira (violoncelo) e Gabriel Ferrandini (bateria) retoma a parceria com o trombonista americano, depois de uma colaboração que resultou em vários concertos e dois discos memoráveis – “Burning Live at Jazz Ao Centro” (JACC, 2012) e “The Flame Alphabet” (Not Two, 2013). O reencontro de Bishop com o Motion Trio terá lugar no Damas, em Lisboa.

Soweto Kinch vai a Viseu

O saxofonista Soweto Kinch vai tocar a Viseu. O fenómeno inglês está integrado no programa do “Que Jazz é Este?” – 7.º Festival Jazz de Viseu, que se realiza entre os dias 24 e 28 de Julho. Além de Kinch, que se apresenta com o seu trio, o festival apresenta actuações de Munir Hossn, André Fernandes’ Centauri, Xose Miguélez / Jean-Michel Pilc Quartet e Triciclo Vivo feat. Rodolfo Embaló. O festival promete música espalhada pela cidade de Viseu e um workshop de jazz com o formador Pedro Neves.

Ricardo Toscano & Gabriel Ferrandini: diálogo e confronto

Entre Outubro de 2018 e Abril deste ano o bar Irreal, em Lisboa, contou com programação de Gabriel Ferrandini e Pedro Sousa. Uma das noites mais memoráveis aconteceu com a actuação de um quarteto que juntou Ricardo Toscano (saxofone alto), Gabriel Ferrandini (bateria), Rodrigo Pinheiro (piano) e Miguel Mira (violoncelo). Depois desse concerto o quarteto foi convidado para integrar a programação do festival Jazz em Agosto. A partir daí Toscano continuou a explorar a improvisação livre e integrou um outro quarteto, com Rodrigo Amado, Hernâni Faustino e João Lencastre. Agora, Toscano e Ferrandini vão actuar juntos, vão estrear-se no formato duo, num concerto na Galeria ZDB no dia 10 de Maio. Dois dos mais exuberantes músicos portugueses da nova geração, Toscano e Ferrandini antecipam esse concerto.

Como é que nasceu a ideia de tocarem juntos?

GF: A cena do “jazz life” é que o pessoal está sempre a picar-se uns aos outros, há sempre aquela vontade de tocar e experimentar coisas com toda a gente. Claro que há pessoas que te motivam mais do que outras, com quem podes estar mais curioso. Quando tínhamos o Irreal nas mãos, eu e o Pedro [Sousa] conseguimos desafiar algumas pessoas para tocar lá e o Ricardo foi uma delas. Houve a oportunidade de tocarmos num quarteto: eu, o Ricardo, o Rodrigo Pinheiro e o Miguel Mira. Foi um primeiro encontro e a sensação foi muito boa. Vamos agora ter outro concerto com este quarteto [no Jazz em Agosto], mas entretanto tinha falado com o Ricardo que era fixe fazermos mais alguma coisa até lá. Em conversa com o Sérgio [Hydalgo, da ZDB] dei a dica de fazermos um duo. São só dois músicos, tem aquela coisa mais despida e ao mesmo tempo tem aquela coisa de confronto, de diálogo, não tens o apoio de um trio ou quarteto… O Sérgio ficou motivado e disse “claro que sim”. E o Ricardo também achou grande onda.

Ricardo, ao aceitares o convite para tocar nesse grupo de improvisação livre acabaste por sair da tua “zona de conforto”. Como encaraste este desafio?

RT: Acabou por ser natural. Apesar de a música ser diferente, a atitude acaba por ser a mesma: é tentar, é o “go!”, é o “bora”, agora é que interessa. Acho que isso acaba por ser a nossa linguagem comum. Acho que a energia é a mesma, é essa do “go, bora aí”. Seja a tocar standards, seja a tocar improvisação livre…

Aqui estás a explorar outra linguagem, para ti tem sido também uma aprendizagem. Como tens lidado com essa evolução?

RT: Será que quando estou mais exposto a essa forma de tocar será que estou mais conectado ao meu instrumento? Quando estou a tocar com o meu quarteto serei menos confrontado com esses momentos de reagir, de encontrar uma coisa nova que não conhecia, de encontrar uma nova forma de expressão no meu instrumento… Ultimamente, não sei se é influência daquilo que tenho feito, isso acontece, isso é uma realidade. É por isso que eu estou a dizer que eu vejo a coisa da mesma forma, estou sempre a tentar, estou sempre a tentar reagir, a ver o que posso fazer com isto, sempre a espicaçar a malta com quem toco… Acho que é isso que temos em comum, para o duo e também no quarteto.

GF: Há coisas que se trazem à mesa que na verdade não são os teus problemas, são problemas antigos. Dantes havia mais “velhos do Restelo”, mais fricção, menos abertura. Se calhar para algumas pessoas não faz sentido ver-nos a tocar juntos, para nós é uma cena super natural. Há montes de coisas que vêm de universos diferentes mas há muito mais em comum, há muito mais coisas partilhadas. Lembro-me que quando comecei havia muito mais barreiras, se tu de forma natural consegues dizer que não há barreiras, há essa responsabilidade de dizeres “bora aí”, que se lixem os velhotes, que se lixem as barreiras.

RT: Ao mesmo tempo é uma oportunidade. Sempre que vais ao palco tens uma responsabilidade, tens que garantir qualquer coisa, a malta vai ouvir-te porque sabe que fazes uma coisa mais ou menos bem, seja num estilo ou no outro. Ali temos uma coisa em comum e temos uma oportunidade de fazermos uma coisa juntos, há oportunidade de ouvirem uma coisa que nunca ouviram.

Ao vivo: Amaro Freitas Trio em Oeiras

Texto e fotografia: Carla Guedes Pinto

O pianista revelação Amaro Freitas apresentou com o seu trio, no passado dia 30 de Abril, Dia Internacional do Jazz, o concerto onde reúne temas dos dois álbuns “Sangue Negro” (2016) e “Rasif” (2018), no Auditório Eunice Muñoz em Oeiras.

Amaro Freitas recebe-nos ao piano como um prelúdio do que se vai passar, um convite ao ambiente acústico da sua raiz nordestina, com sons e percussões retirados directamente das cordas do piano, vibrações e silêncios que nos conduzem neste início de viagem à sua essência cultural.

Já com o trio formado, com Hugo Medeiros (bateria) e Jean Elton (baixo acústico) Amaro Freitas apresenta-nos temas dos seus dois álbuns, sempre numa composição rítmica fortíssima, uma energia e generosidade, para um auditório infelizmente com pouco público.

A ligação que tem ao seu lugar de origem, Pernambuco revela-se logo no título do álbum, “Rasif”, uma analogia ao nome da sua cidade natal, Recife. Amaro Freitas parte dos ritmos locais, como o frevo e o coco para criar um jazz que confere em simultâneo uma forte raiz popular e espiritual.

Ao longo das várias intervenções que faz com o público, sempre de grande generosidade, simplicidade e simpatia, Amaro Freitas explica-nos a raiz das composições rítmicas, como no tema Trupé, que parte da sua observação do coco trupé da cidade de Arcoverde “onde se dança com sandália de madeira sobre um tablado”.

A ligação entre os músicos é natural ao longo de todo o concerto, com temas longos e de exigência interpretativa, percebe-se o envolvimento emocional e o virtuosismo que cada um impõe à música. Todos os instrumentos são usados como percussões, retirando deles sons de diferentes texturas e ritmos orgânicos.

Perfeita conjugação de ritmos afro-brasileiros, de uma criatividade longe de um brasil samba bossa-nova, mas perto de uma espiritualidade popular, de um lugar de natureza dura, telúrica mas fértil. Freitas representa o novo jazz brasileiro, dançante, criativo e experimental, mas ao mesmo tempo assente na tradição popular.

Segundo/Stanley ao vivo no CCB

O baterista Pedro Segundo, músico português a viver entre Londres e os EUA, vai apresentar no Centro Cultural de Belém o seu duo com com o organista Ross Stanley. O Segundo Stanley Hammond Organ Duo apresenta-se ao vivo no dia 4 de Maio, às 21h00, no Pequeno Auditório. O valor dos bilhetes varia entre 14€ (plateia) e 12€ (laterais).

Esdras Nogueira recria álbum “Transa” de Caetano Veloso

Em 1972 Caetano Veloso apresentou ao mundo o álbum “Transa”, uma das pérolas mais brilhantes da sua enorme discografia, composto e gravado durante o seu exílio em Londres por altura da ditadura militar. Agora, novamente num momento de enorme tensão política no Brasil, o saxofonista brasileiro Esdras Nogueira acaba de apresentar uma recriação desse álbum histórico. O novo “Transe” de Nogueira é uma transformação jazzística da música de Caetano, onde estão incluídos temas como “You Don’t Know Me”, “Nine Out of Ten”, “Triste Bahia” e “Mora na Filosofia”. Neste projecto o saxofone barítono de Esdras Nogueira conta com a parceria da guitarra de Marcus Moraes, do baixo de Rodrigo Balduino e da bateria de Thiago Cunha.

The Necks ao vivo em Braga e Lisboa

O grupo australiano The Necks vai apresentar-se ao vivo em Portugal, com concertos no gnration em Braga (15 de Maio) e na Culturgest em Lisboa (16 de Maio). Com o recente disco “Body” (2018) na bagagem, a banda de Tony Buck, Chris Abrahams e Lloyd Swanton aproveita também para celebrar os seus 30 anos de carreira. Braga e Lisboa vão assistir ao vivo à música original do trio, um jazz combinado com minimalismo e fluência improvisacional.