O guitarrista João Espadinha prepara-se para editar o deu disco de estreia. Editado pela Sintoma Records, o disco “Kill the Boy” vai revelar a música original de Espadinha, com o jovem guitarrista a liderar um grupo que junta Bruno Calvo (trompete), Nicolò Ricci (saxofone tenor), João Pedro Coelho (piano), Giuseppe Romagnoli (contrabaixo), Andreu Pitarch (bateria), Joana Espadinha (voz) e Mariana Nunes (voz). O disco será apresentado ao vivo no Hot Clube, em Lisboa, no dia 25 de Novembro. Em primeira mão, Espadinha apresenta a sua música.
Como surgiu esta música?
As primeiras composições do disco surgiram no meu segundo ano em Amesterdão, numa altura em que tinha algumas dificuldades em gerir o tempo e sentia que dedicar esse tempo apenas ao estudo do instrumento ia tornar-se, a partir de certo ponto, contraproducente. Nesse sentido, a minha irmã Joana [Espadinha] e o João Firmino foram das pessoas que mais me encorajaram para começar a escrever música. Muitas das músicas foram surgindo em alturas dispersas mas, em geral, e a um nível pessoal, remetem para o período que passei em Amesterdão e também para o primeiro ano que vivi em Portugal depois de regressar.
Porquê este título, “Kill the Boy”?
A resposta a essa pergunta acaba por vir numa das músicas, cujo nome é “Kill the boy (and let the man be born)”, que é uma citação retirada do livro “A Feast for Crows”, do George R. R. Martin, que achei que se enquadrava nesta fase da minha vida. Pode ser visto como uma metáfora para a entrada na vida adulta e remete para a transição difícil de sair da escola (do conservatório, neste caso), e de entrar no mercado de trabalho e no “mundo real”, choque esse que foi acentuado pelo facto de ter estado quatro anos no estrangeiro.
Porque escolheste tocar com estes músicos?
Os músicos que tocam no disco são os músicos que conheci no conservatório e com quem tocava a música quando estava em Amesterdão. A nível pessoal, sendo um disco que remete para esse período do meu crescimento, não fazia sentido gravar esta música com outra banda que não esta.
Quem são as tuas influências?
Fui muito influenciado pela minha irmã e pelo João Firmino, na medida em que fui acompanhando os trabalhos que eles iam fazendo, assim como de outros músicos que estiveram em Amesterdão na mesma altura que eles (João Hasselberg, Desidério Lázaro, entre outros). O Afonso Pais foi o guitarrista que me cativou a querer abraçar o papel da guitarra no jazz desde o início (mais tarde tive oportunidade de ter aulas com ele e de desenvolver uma boa relação de amizade). Fui também muito influenciado por amigos/colegas que tive ao longo da minha formação: André Santos, Pedro Branco, João Pedro Coelho, João Pereira, entre outros. Algumas das bandas e artistas que ouvi na adolescência continuam a ser uma forte influência para mim nos dias de hoje, e o processo de os revisitar com outra maturidade marcou também muito este processo: Bob Dylan, Jorge Palma, Led Zeppelin, Beatles, entre (muitos) outros. No jazz, ter conhecido pessoalmente o Jorge Rossy (a propósito do Begues Jazz Camp), foi fundamental para perceber a importância de ver a música como um todo. Nesse sentido, o Bill Frisell, Ambrose Akinmusire e o Brad Mehldau foram também referências importantes do ponto de vista conceptual.