O guitarrista José Dias vai apresentar o seu novo projecto ao vivo na SMUP (Parede) no próximo dia 13 de Outubro. O novo quarteto chama-se Awareness e surge após a edição de dois discos em nome próprio – “360” e “What Could Have Been” – e do trio Magenta.
Em exclusivo, o guitarrista apresenta este novo projecto: “Depois desses discos com, sobretudo, composições minhas, tomei algum tempo para repensar a minha forma de abordar a composição e a improvisação. Nesse período, comecei a explorar algo que hoje faço com bastante regularidade – a improvisação livre para filmes mudos. Esse acto de re-focar a minha atenção – não apenas no som e em formas mais estáticas, mas também no estímulo visual e na imprevisibilidade narrativa de fazer som para uma história, situação ou paisagem que se desenrola à nossa frente em tempo real – fez-me tomar consciência de outros recursos que não tinha explorado até aqui. O quarteto chama-se Awareness sobretudo por isso.”
Para este novo grupo Dias reuniu três músicos portugueses: Francisco Andrade (saxofones tenor e alto), Gonçalo Prazeres (saxofones alto, tenor e barítono) e Rui Pereira (bateria). O guitarrista explica a escolha: “São músicos que admiro e com quem me identifico, não só como improvisadores, mas também como compositores. Os concertos funcionam como uma sessão de improvisação para um filme mudo – mas que pode também ser para uma cena de um romance ou de um conto – partindo de estruturas e motivos mínimos. Por isso, a maior parte dos meus temas tem como inspiração personagens “irresolvidas” nos romances que protagonizam – John Willoughby de “Sensibilidade e Bom Senso”; Angela Vicario de “Crónica de uma Morte Anunciada”; Gustav de “Morte em Veneza”; ou Humbert Humbert de “Lolita”. No caso do Francisco Andrade há quase que uma atenção laboratorial ao uso individualizado de mecanismos musicais – as dinâmicas, os ciclos melódicos e harmónicos. No Gonçalo Prazeres há um nítido desafio aos limites da harmonia. E o Rui Pereira cria contrastes muito interessantes entre padrões rítmicos pouco usuais e sequências harmónicas bastante abertas. No fundo, todos nos encontramos no ponto em que, na música que fazemos, estamos sobretudo focados em construir paisagens sonoras. O facto de – propositadamente – não existir contrabaixo adensa o desafio de se criarem texturas novas.”
O concerto na SMUP vai ser gravado para edição discográfica em 2018, altura em que serão apresentados mais concertos em Portugal e no Reino Unido.