3 discos? A escolha de Carlos Bica

[Fotografia: Vera Marmelo]

O contrabaixista e compositor Carlos Bica é uma das figuras maiores do jazz português. É mentor do trio Azul, com Frank Möbus e Jim Black, com quem gravou discos como “Look What They’ve Done To My Song” ou “Believer” e já em 2018 editou o álbum “Azul In Ljubljana” (Clean Feed). Mantém o projecto Diz, uma parceria com a cantora e actriz Ana Brandão. Em 2005 gravou um disco a solo, “Single”, publicado pela editora Bor Land. E editou o disco “Matéria Prima”, ao leme de um grupo que inclui o pianista João Paulo Esteves da Silva. Tem colaborado com o quarteto berlinense MOVE String Quartet e no ano passado iniciou uma nova parceria com os músicos nacionais André Santos e João Mortágua. Carlos Bica aceitou o desafio de escolher três discos de jazz. O contrabaixista confessa: “optei pela escolha espontânea de três álbuns que me ocorreram”. Estas são as suas escolhas.

 


Bill Evans – “You must believe in Spring”
(Yellowbird, 1977)

“Este é um dos meus discos favoritos desde sempre, de um lirismo único e de uma beleza impressionista, “You must believe in Spring” é poesia pura. Apesar de Bill Evans certamente não ter tido essa intenção, soa como se de um álbum conceptual se tratasse, cada faixa flui na seguinte, não permitindo ao ouvinte abandonar o barco. Será provavelmente o álbum de Bill Evans onde a sua personalidade musical está mais inerente. Este disco conta com a participação do maravilhoso Eddie Gomez no contrabaixo. Eddie Gomez foi, juntamente com o Charlie Haden, um dos contrabaixistas que mais ouvi quando comecei a estudar música, recordo-me de ouvir os solos do Eddie Gomez e de ficar surpreendido pela riqueza melódica dos seus improvisos, achando impressionante ser possível improvisar daquela maneira, “on the spot”, como se de uma excelente composição escrita se tratasse.”

 


Marc Johnson – “Right Brain Patrol”
(JMT Records, 1992)

“Este foi o álbum que serviu de inspiração para o meu primeiro disco – “Azul”, de 1996. Não terá sido tanto pelas composições, mas antes pelo modo como as canções são tocadas e pelo modo como os músicos trocam de papéis. É um disco sem rótulos, aberto às músicas do mundo. Marc Johnson editou dois anos mais tarde um segundo álbum com este mesmo projecto, onde Wolfgang Muthspiel substituiu Ben Monder na guitarra, mas que infelizmente não possui a leveza e magia que se sente ao ouvir “Right Brain Patrol”. Cada músico é único e é muito sensível mudar um dos três vértices de um triângulo que se diz perfeito.”

 


Jun Miyake – “Stolen from Strangers”

(Yellowbird, 2008)

“Este álbum é um excelente exemplo em como qualquer música poderá servir como fonte de inspiracäo para criar algo de novo e pessoal. O título do álbum, “Stolen from Strangers”, diz tudo e não deixa de ser  curioso ser o próprio músico e compositor a dar-lhe este título. Cada faixa do disco tem um convidado diferente. O ouvinte é levado a saltar entre universos musicais bem distintos mas que aqui convivem e se harmonizam. Não é jazz, é música do mundo. É um disco alegre que eu gosto volta e meia de ouvir.”

Brad Mehldau Trio em tour nacional

O Brad Mehldau Trio vai regressar a Portugal no mês de Outubro de 2019. O trio de Mehldau, Jeff Ballard e Larry Grenadier apresenta-se ao vivo em território nacional com três concertos: a 4 de Outubro no Caldas Nice Jazz, nas Caldas da Rainha; a 5 de Outubro no CAE, na Figueira da Foz; e a 6 de Outubro no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Esta tour é organizada pela produtora Incubadora d’Artes e o trio traz na bagagem o material do seu disco mais recente, “Seymour Reads The Constitution!” (edição Nonesuch).

Jazz regressa a Setúbal

Beatriz Nunes

A 8ª edição Círculo de Jazz Fest realiza-se em Setúbal entre os dias 10 e 26 de Janeiro. Este festival, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal em parceria com a Sociedade Musical Capricho Setubalense, vai apresentar concertos de Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal, Kharga, Ana Deus, Beatriz Nunes, João Hasselberg (com o projecto The Great Square of Pegasus), Ricardo Pinto, Jeffery Davis & Federico Casagrande e Daniel Neto. Além dos concertos, o ciclo apresenta ainda dois filmes, “Através da Noite” de Woody Allen e “Kansas City” de Robert Altman. Aqui fica o programa completo.

10 Jan, 21h30: Cinema “Através da Noite” (Casa da Cultura)

18 Jan, 21h30: Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal (Fórum Luísa Todi)
18 Jan, 23h30: Kharga (Sociedade Musical Capricho Setubalense)

19 Jan, 22h00: Ana Deus – Ruído Vário (Casa da Cultura)
19 Jan, 23h15: Beatriz Nunes Quarteto (Casa da Cultura)

24 Jan, 21h30: Cinema “Kansas City” (Casa da Cultura)

25 Jan, 22h00 – João Hasselberg (Casa da Cultura)
25 Jan, 23h15 – Quinteto Ricardo Pinto (Casa da Cultura)

26 Jan, 22h00: Jeffery Davis / Federico Casagrande (Casa da Cultura)
26 Jan, 23h15: Daniel Neto Quarteto (Casa da Cultura)

Jazz.pt: Melhores de 2018

Melhores Discos Internacionais
Ingrid Laubrock: “Contemporary Chaos Practices” (Intakt)
Dave Holland / Evan Parker / Craig Taborn / Ches Smith: “Uncharted Territories” (Dare2)
Barre Phillips: “End to End” (ECM)
Andrew Cyrille / Wadada Leo Smith / Bill Frisell: “Lebroba” (ECM)
Ambrose Akinmusire: “Origami Harvest” (Blue Note)
Mary Halvorson: “Code Girl” (Firehouse 12)
Tyshawn Sorey: “Pillars” (Firehouse 12)
Angles 3: “Parede” (Clean Feed)
Sons of Kemet: “Your Queen is a Reptile” (Impulse!)
The Necks: “Body” (Northern Spy)
Joelle Léandre / Elisabeth Harnik: “Tender Music” (Trost Records)
Chris Pitsiokos Unit: “Silver Bullet in the Autumn of Your Years” (Clean Feed)

Melhores Discos Nacionais
Mário Costa: “Oxy Patina” (Clean Feed)
Ricardo Toscano: “Ricardo Toscano Quartet” (Clean Feed)
Susana Santos Silva: “All the Rivers” (Clean Feed)
Lisbon Freedom Unit: “Praise of Our Folly” (Clean Feed)
Albatre: “The Fall of the Damned” (Shhpuma)
Frame Trio: “Luminária” (FMR Records)
Rodrigo Amado: “A History of Nothing” (Trost Records)
Lokomotiv: “Gnosis” (Aduf)
PUI4: “A Pearl in Dirty Hands” (Aut Records)
Sara Serpa: “Close Up” (Clean Feed)

Escolhas de Rui Eduardo Paes (editor), Gonçalo Falcão, João Esteves da Silva, José Dias, Fabricio Vieira e Nuno Catarino.

Artigo completo no site Jazz.pt:
https://jazz.pt/artigos/2018/12/27/melhores-de-2018/

Livro: “Jazz Posters”

“Jazz Posters”
João Fonseca
(Argumentum, 2018)

No ano em que assinalam os 70 anos da sua fundação, o Hot Clube de Portugal promove a edição de um livro que reúne cartazes históricos de concertos. Esta publicação “Jazz Posters” – edição bilingue, em português e inglês – reúne cerca de 60 cartazes criados por João Fonseca (1958-2011). Não sendo designer de formação, o arquitecto e ilustrador João Fonseca criou cartazes para concertos do histórico clube de jazz, entre os anos de 1985 e 1989. Fonseca trabalhou para o Hot Clube sempre em regime “pro bono”, pelo amor à música, sem nunca receber nada em troca.

Por um lado, estes cartazes são verdadeiros objectos de arte e o livro funciona como um catálogo, uma mostra do design português de uma época. Cada concerto tinha uma imagem própria, assente num trabalho original de tipografia e composição gráfica, comunicando visualmente a música de cada grupo. Com recursos limitados, Fonseca trabalhava à mão e criava obras especiais, aqui reproduzidas na escala real (A3). Em cada cartaz vemos uma imagem original, única, irrepetível. Continue reading “Livro: “Jazz Posters””

Sonic Scope de volta à ZDB

Margarida Garcia & Manuel Mota

A Galeria ZDB volta a acolher o festival Sonic Scope, que se realiza nos dias 10 e 11 de Janeiro. O festival, programado pela editora Grain of Sound, promete novas linguagens e novas propostas da música experimental nacional. Ao longo de duas noites o Sonic Scope apresenta um total de seis concertos: no dia 10 há actuações de Cinza, Vitor Joaquim e Alforjs; no dia 11 actuam Manuel Mota & Margarida Garcia, Producers e CAVEIRA. Os bilhetes para um dia custam 6€, para os dois dias custam 10€ (estão disponíveis na Flur, Tabacaria Martins e ZDB).  

Vítor Pereira apresenta-se

Natural do Porto, o guitarrista Vítor Pereira vive em Londres há vários anos. Músico com um percurso atípico, Vítor Pereira já editou três discos como líder: “Doors” em 2011, “New World” em 2016 e “Somewhere in the Middle” em 2018. Para já vai continuar a apostar no seu quinteto e apresenta-se ao vivo em Portugal, em Lisboa e no Porto: toca na Sala Porta Jazz a 29 de Dezembro e actua no Hot Clube nos dias 11 e 12 de Janeiro. Antecipando estes concertos, Vítor Pereira apresenta-se, numa entrevista exclusiva.  Continue reading “Vítor Pereira apresenta-se”

Público: O melhor jazz de 2018

1 Ingrid Laubrock – “Contemporary Chaos Practices”
2 Sons of Kemet – “Your Queen is a Reptile”
3 Mary Halvorson – “Code Girl”
4 Kamasi Washington – “Heaven and Earth”
5 Mette Rasmussen / Chris Corsano – “A View of the Moon”
6 Ricardo Toscano Quartet – “Ricardo Toscano Quartet”
7 Ambrose Akinmusire – “Origami Harvest”
8 Dave Holland – “Uncharted Territories”
9 Susana Santos Silva – “All the Rivers”
10 Andrew Cyrille / Wadada Leo Smith / Bill Frisell – “Lebroba”

Escolhas de Gonçalo Frota e Nuno Catarino. Artigo completo no jornal Público:
https://www.publico.pt/2018/12/21/culturaipsilon/noticia/jazz-melhor-ano-1855185

Livro: “Playing Changes – Jazz for the New Century” de Nate Chinen

Por aqui já repetimos muitas vezes a ideia de que o jazz não morreu (nem tem um cheiro estranho), de que não podemos ficar pelo jazz cristalizado em fotografias a preto e branco de clubes fumarentos, de que o jazz tem evoluído continuamente, de que está vivo e que no século XXI esta música assume múltiplas formas. Acaba de sair o livro do crítico Nate Chinen, onde o autor acaba por reforçar aquilo que dizemos há muito tempo: o jazz está bem vivo e agora apresenta-se numa vasta pluralidade de formas. Aqui fala-se de músicos como Kamasi Washington, Mary Halvorson, Steve Coleman, Brad Mehldau e Jason Moran, entre outros. Todo o respeito aos clássicos, mas valorizemos o jazz do nosso tempo, o jazz do século XXI. Este livro é obrigatório para todos aqueles que tenham interesse em aprofundar o jazz do nosso século e está disponível para encomenda online nos sites internacionais do costume (Barnes & Noble, Amazon, etc.).

Mais informação: www.playingchangesbook.com