Antevisão Angrajazz 2018: jazz no meio do Atlântico

Darcy James Argue

Vem aí mais uma edição do festival Angrajazz, que este ano se realiza entre os dias 3 e 6 de Outubro, apresentando um total de sete concertos ao longo de quatro noites. Como habitualmente, o festival terá lugar no Centro Cultural e de Congressos e apresenta um programa que alterna entre grandes nomes internacionais com projectos portugueses.

Este ano o festival arranca numa quarta-feira, dia 3 de Outubro, com a actuação da Orquestra Jazz do Hot Clube de Portugal. O Hot celebra 70 anos de vida e o festival açoriano associa-se à comemoração. O clube assume como data oficial de fundação o dia 19 de Março de 1948: o processo de fundação foi moroso, a proposta de estatutos foi entregue em 1946 e só foi aprovada em 1950, pelo que o clube assume como data oficial o dia em que o fundador Luís Villas-Boas preencheu a sua ficha de sócio. A orquestra do HCP, com direcção de Luís Cunha, vai interpretar a música de António Pinho Vargas.

No segundo dia, 4 de Outubro, há dois concertos: a Orquestra Angrajazz e o Gonzalo Rubalcaba Trio. A orquestra é um projecto-símbolo do festival e funciona como projecto pedagógico, integrando o cartaz todos os anos desde a sua fundação. Na edição de 2016 apresentou uma aprumada interpretação da “Far East Suite” de Duke Ellington e em 2017 focou-se em cinco músicos que celebrariam 100 anos nesse ano: Tadd Dameron, Ella Fitzgerald, Thelonious Monk, Lena Horne e Dizzy Gillespie. Com direcção de Pedro Moreira e Claus Nymark, a orquestra irá certamente apresentar um espectáculo memorável. O Gonzalo Rubalcaba Trio fechará a noite com o seu irresistível jazz afro-cubano, pleno de energia e intensidade. Ao lado do piano de Rubalcaba estarão Ernesto Simpson no contrabaixo e Armando Gola na bateria.

Na noite de sexta, dia 5, actuam dois quartetos: Andy Sheppard Quartet e Billy Childs Quartet. O saxofonista inglês Andy Sheppard encontra-se a residir em Portugal e editou já este ano o seu mais recente disco ao leme do seu quarteto, “Romaria” (edição ECM). O saxofone de Sheppard terá a companhia da guitarra de Eivind Aarset, do contrabaixo de Michel Benita e da percussão de Sebastian Rochford. Está prometida uma noite de música elegante, doce e refinada. Segue-se o quarteto liderado por Billy Childs, pianista que começou a sua carreira a tocar com músicos como J. J. Johnson e Freddie Hubbard e vem desenvolvendo uma carreira sólida. O pianista contará com a companhia do grande Steve Wilson (saxofone), apoiado por uma secção rítmica composta por Hans Glawischnig (contrabaixo) e Christian Euman (bateria).

O festival fecha na noite de sábado com as actuações de Jazzmeia Horn e Darcy James Argue’s Secret Society. A cantora Jazzmeia Horn é uma maiores das revelações do jazz vocal dos últimos tempos e passou recentemente pelo festival Funchal Jazz. A voz de Jazzmeia será apoiada por Victor Gould (piano), Barry Stephenson (contrabaixo), Henry Conerway III (bateria) e Marcus Miller (saxofone). Para encerrar o festival chega o projecto Secret Society do compositor, arranjador e bandleader Darcy James Argue. O projecto de James Argue tem transformado o conceito de big band jazzística, pela sua marcante originalidade. A big band traz na bagagem a música do seu disco mais recente, “Real Enemies” (New Amsterdam, 2016), um criativo ensaio musical sobre questões que têm marcado o nosso tempo: paranóia e teorias da conspiração.

Além destes concertos, entre os dias 28 de Setembro e 6 de Outubro irão realizar-se diariamente concertos de entrada livre, com o Quinteto de Luís Cunha, o Trio de Pedro Nobre e o Quarteto de Sara Miguel, em vários locais da cidade de Angra do Heroísmo.